segunda-feira, 26 de março de 2007

Choremos, choremos, choremos

Faleceu o Dr. João Soares Louro

Foi com profundo pesar que soubemos do falecimento do Dr. João Soares Louro no dia 26 de Março, aos 74 anos.

João Soares Louro, integrava o Conselho de Administração da Parque Expo desde 2006 como administrador não executivo.

Além de ter desempenhado o cargo de presidente do Conselho de Administração da RTP (1978-80), exerceu também funções de secretário de Estado da Comunicação Social e foi presidente da RDP.Considerado uma das personalidades mais marcantes da História da RTP, tendo sido responsável pela reestruturação da televisão pública e pela criação do "Canal RTP-2".

Dedicou quase toda a sua vida profissional à televisão, tendo promovido uma profunda transformação na estação em finais da década de 70, na passagem das emissões do preto e branco para cores. Enquanto presidente da RTP, João Soares Louro redimensionou e reequipou a televisão estatal, tendo também contribuído para o seu reequilíbrio financeiro, num mandato em que foram criados a Radiotelevisão Comercial e o Grupo Editorial da Empresa TV Guia.

Para além de presidente da televisão pública, João Soares Louro, para além de outros cargos que ocupou, foi ainda presidente da RDP no início da década de 90, numa altura em que se deu a privatização da Rádio Comercial.

João Soares Louro foi deputado entre 1976 e 1978 e subsecretário de Estado para a Comunicação no I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares.

O Grémio Estrela D'Alva, apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos do Dr. João Soares Louro e o abraço fraterno aos irmãos do Grande Oriente Lusitano, em especial aos irmãos da Respeitável Loja à qual aquele irmão pertencia.

sábado, 10 de março de 2007

Choremos, choremos, choremos

Faleceu a Dra. Manuela Margarido

Foi com profundo pesar que soubemos do falecimento da nossa muito querida irmã, Manuela Margarido no dia 10 de Março aos 82 anos de idade.

Maria Manuela Conceição Carvalho Margarido nasceu em 1925, na roça Olímpia, ilha do Príncipe, e desde cedo abraçou a luta pela independência do arquipélago, denunciando com a sua poesia a repressão colonialista e a miséria em que viviam os são-tomenses nas roças do café e do cacau.

Estudou Ciências Religiosas, Sociologia, Etnologia e Cinema na Sorbonne de Paris, onde esteve exilada.

Após a independência das colónias portuguesas, foi embaixadora plenipotenciária da República Democrática de São Tomé e Príncipe em diferentes países (Bélgica, Grã-Bretanha, Países Baixos, Dinamarca, Suécia, Grão Ducado do Luxemburgo, República Federal da Alemanha, República Italiana) e junto das principais organizações internacionais: FAO, FIDA, ACP e UNESCO.

Em Lisboa, onde viveu, Manuela Margarido empenhou-se na divulgação da cultura do seu país, sendo considerada, a par de outras individualidades da cultura, um dos principais nomes da poesia de São Tomé.

Entre outras funções, foi membro do Conselho Consultivo da revista Atalaia, do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL).
Personalidade marcante da luta anti-salazarista e dos valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, pertencia ainda à Maçonaria Feminina.

O Grémio Estrela D'Alva, apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos da Dra. Manuela Margarido e o abraço fraterno às irmãs da Grande Loja Feminina de Portugal, em especial às irmãs da Respeitável Loja à qual aquela irmã pertencia.

Memória da Ilha do Príncipe

Mãe, tu pegavas charroco
nas águas das ribeiras
a caminho da praia.
Teus cabelos eram lembas-lembas,
agora distantes e saudosas,
mas teu rosto escuro
desce sobre mim.
Teu rosto, liliácea
irrompendo entre o cacau,
perfumando com a sua sombra
o instante em que te descubro
no fundo das bocas graves.
Tua mão cor-de-laranja
oscila no céu de zinco
e fixa a saudade
com uns grandes olhos taciturnos.

(No sonho do Pico as mangas percorrem a órbita lenta
das orações dos ocãs e todas as feiticeiras desertam
a caminho do mal, entre a doçura das palmas).

Na varanda de marapião
os veios da madeira guardam
a marca dos teus pés leves
e lentos e suaves e próximos.
E ambas nos lançamos
nas grandes flores de ébano
que crescem na água cálida
das vozes clarividentes.

(poema da autoria de Maria Manuela Margarido)