sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dia Internacional do Maçom

Nos dias 20, 21 e 22 de Fevereiro de 1994, realizou-se em Washington, nos Estados Unidos, a Reunião Anual dos Grão-Mestres das Grandes Lojas da América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México). Na ocasião, estiveram presentes como Obediências Co-Irmãs, a Grande Loja Unida da Inglaterra, a Grande Loja Nacional Francesa, a Grande Loja Regular de Portugal, a Grande Loja Regular da Itália, o Grande Oriente da Itália, a Grande Loja Regular da Grécia, a Grande Loja das Filipinas, a Grande Loja do Irão, no exílio e o Grande Oriente do Brasil, como observador. No encerramento dos trabalhos, o Grão-Mestre da Grande Loja Regular de Portugal, Ir.'. Fernando Teixeira, apresentou uma sugestão apoiada pelos Grão-Mestres das Grandes Lojas dos Estados Unidos, do México e Canadá, no sentido de fixar o dia 22 de Fevereiro como o DIA INTERNACIONAL DO MAÇOM, a ser comemorado por todas as Obediências reconhecidas, o que foi totalmente aprovado.

E porquê 22 de Fevereiro? Porque foi no dia 22 de Fevereiro de 1732, em Bridges Creek, na Virginia (EUA), que nasceu GEORGE WASHINGTON, o principal artífice da independência dos Estados Unidos. Nascido pouco depois do início da Maçonaria nos Estados Unidos – o que ocorreu em 23 de Abril de 1730, no estado de Massachussets - Washington foi iniciado a 4 de Novembro de 1752, na "Loja Fredericksburg nº 4", de Fredericksburg, no estado da Virgínia; foi elevado ao grau de Companheiro em 1753 e exaltado a Mestre em 4 de Agosto de 1754. Representante da Virgínia no 1º Congresso Continental (1774) e Comandante-Geral das forças coloniais (1775), dirigiu as operações durante os cinco anos da Guerra de Independência, após a declaração de 1776. Ao ser firmada a paz em 1783, renunciou à chefia do Exército, dedicando-se então aos seus afazeres particulares. Em 1787, reunia-se, em Filadélfia, a Assembleia Constituinte para redigir a Constituição Federal e Washington, que era um dos Delegados da Virgínia, foi eleito, por unanimidade, para presidi-la. Depois de aprovada a Constituição, havendo a necessidade de se proceder à eleição de um Presidente, figura na nova política norte-americana, Washington, pelo seu passado, pela sua liderança e pelo prestígio internacional de que desfrutava, era o candidato lógico e foi eleito por unanimidade, embora desejasse retornar à vida privada e dedicar-se às suas propriedades. Como Presidente da República norte-americana, nunca olvidou a sua formação maçónica. Ao assumir o seu primeiro mandato, em Abril de 1789, prestou o seu juramento constitucional sobre a Bíblia da "Loja Alexandria nº 22", da qual fora Venerável Mestre em 1788; em 18 de Setembro de 1783, como Grão-Mestre pro-tempore da Grande Loja de Maryland, colocou a primeira pedra do Capitólio – o Congresso norte-americano – apresentando-se com todos os seus paramentos e insígnias de alto mandatário Maçom. Falecido em 14 de Dezembro de 1799, o seu funeral ocorreu no dia 18, na sua propriedade de Mount Vernon, numa cerimónia fúnebre Maçónica, dirigida pelo Reverendo James Muir, capelão da "Loja Alexandria nº 22" e pelo Dr. Elisha C. Dick, Venerável Mestre da mesma Oficina.

In Revista "O Prumo" nº 84, Artigo do Ir.'. José Castelanni

Como se pode verificar, a criação do DIA INTERNACIONAL DO MAÇOM representou uma mais do que justa homenagem ao um grande maçom, e embora não seja considerado por todas as Obediências e Potências maçónicas mundiais é historicamente pertinente.

Autor: Júlio Verne

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

As três peneiras

Mais uma jornada na construção do Templo terminara. Cansado por mais este dia, Mestre Hiram recostou-se sob o frescor do Ébano para o tão merecido descanso. Eis que, subindo em sua direcção, aproxima-se o seu Mestre Construtor predilecto, que lhe diz:
"-Mestre Hiram...Vou lhe contar o que disseram do segundo Mestre construtor...
Hiram com a sua infinita sabedoria responde:
- Calma, meu Mestre predilecto, antes de me contares algo que possa ter relevância, já fizeste passar a informação pelas "Três peneiras da Sabedoria"?
- Peneiras da sabedoria? Não me foram mostradas, respondeu o predilecto!
- Sim... Meu Mestre! Só não te ensinei, porque não era chegado o momento;
Escuta-me com atenção: tudo quanto te disseram de outrém, passa antes pelas três peneiras da sabedoria. E na primeira, que é a Verdade, eu te pergunto:
-Tens certez a de que o que te contaram é realmente a verdade?
Meio sem jeito o Mestre respondeu:
- Bom, não tenho certeza realmente, só sei que me contaram...
Hiram continua:
-Então, se não tens a certeza, a informação vazou pelos furos da primeira peneira e repousa na segunda, que é a peneira da Bondade. E eu te pergunto:
-É alguma coisa que gostarias que dissessem de ti?
-De maneira alguma Mestre Hiram... Claro que não!
-Então a tua história acaba de passar pelos furos da segunda peneira e caiu nas cruzetas da terceira e última; Faço-te a derradeira pergunta:
- Achas mesmo necessário passar adiante essa história sobre teu Irmão e Companheiro?
-Realmente Mestre Hiram, pensando com a luz da razão, não há necessidade...
-Então ela acaba de vazar os furos da terceira peneira, perdendo-se na imensão da terra. Não sobrou nada para contar.

-Entendi poderoso Mestre Hiram. Doravante somente as boas palavras terão caminho em minha boca.
-És agora um Mestre completo. Volta a teu povo e constrói os teus templos, pois terminaste a tua aprendizagem.

Porém, lembra-te sempre: As abelhas, construtoras do Grande Arquitecto do Universo, nas imundíces dos charcos, buscam apenas flores para suas laboriosas obras, enquanto as nojentas moscas, buscam em corpos sadios as chagas e feridas para se manterem vivas."

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Ainda a divulgação da Maçonaria

Penso ser óbvio que nenhum maçon receia que os ideais maçónicos sejam do conhecimento público, muito pelo contrário. Afinal esses ideais são os mais nobres que a humanidade alguma vez criou e estou certo de que serão partilhados por todas as pessoas de bem, sejam ou não membros da Maçonaria.
De facto, os maçons pretendem que no mundo reinem a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. Por consequência o seu maior desejo é que a Paz, a Tolerância e a Justiça se espalhem por todo o mundo, o mesmo é dizer que se opõem ao ódio, à tirania, às ditaduras e a todas as violações dos direitos humanos. Assim, nenhum maçon terá o menor receio de que os seus ideais sejam divulgados na Comunicação Social.
Outro dos valores defendidos pela Maçonaria é a Honra. E uma pessoa de honra, cumpre rigorosamente os seus juramentos, para mais prestados de uma forma livre e consciente.
Por outro lado, a Maçonaria é uma organização que respeita determinados rituais, pois eles não só contribuem para a unidade dos seus membros, como contribuem para um aprofundamento da espiritualidade que os ajuda no seu empenho em prol dos seus ideais. No entanto, o cumprimento dos rituais implica uma obrigação expressa de discrição para os que neles participam e não é por acaso que em todas as sessões maçónicas se faz o juramento de nada revelar do que nelas ocorre.
Convirá afirmar claramente que esta discrição não pretende esconder seja o que for de pecaminoso, imoral ou quaisquer objectivos inconfessáveis. O que acontece é que, para os maçons, uma sessão ritual é em tudo semelhante a uma conversa em família. E, como qualquer conversa em família, não tem o menor sentido que a mesma seja propalada aos quatro ventos.
Virá a propósito chamar a atenção de que, exceptuando os raríssimos casos de fecundação “in-vitro”, todos sabemos como começou a existência de qualquer um de nós. No entanto, para a generalidade das pessoas, há um pudor natural em falar desse momento de intimidade dos nossos pais. Trata-se afinal de um sinal de respeito pelos que nos fizeram vir ao mundo.

Um dos momentos mais marcantes na vida de um maçon é a sua Iniciação. Trata-se da passagem do mundo comum para o seio de uma família muito especial. Assim, assistir a na televisão a um simulacro desse momento tão solene como marcante é, no mínimo, incómodo para quem sente profundamente a Maçonaria. Como homem de palavra e como maçon que me honro de ser, confesso que ter visto uma reportagem televisiva onde são relatados muitos pormenores de uma Iniciação me desagradou profundamente.
Quando nessa mesma reportagem se assiste a um diálogo ritual em que é afirmado que «o Templo está a coberto da indiscrição dos profanos» e isso é feito perante uma câmara de televisão, então estamos, lamentavelmente, a assistir a um “teatro”. O teatro é uma forma de arte que muito admiro. Mas a Maçonaria não é, nem nunca poderá ser um teatro. A nossa Augusta Ordem deve merecer-nos todo o respeito e nenhum pretexto servirá de desculpa para que se brinque com ela ao “faz de conta”.

Divulguem-se os nossos ideais, critiquem-se os nossos erros, mas respeitem-se as situações de “intimidade” da nossa “família”. Considero que, por melhor que fosse a intenção dos maçons que participaram no simulacro de uma Iniciação, no mínimo cometeram uma grave inconveniência. Pior, uma vez que na reportagem é também mostrado o momento em que esses mesmos maçons juram nada revelar sobre o que se passou na sua sessão, parece-me que terão também cometido perjúrio. Ou serão os seus juramentos também de “faz de conta”?

Autor: Carl Sagan