terça-feira, 25 de março de 2008

Compromisso com o sigilo

De vez em quando surgem, aqui e ali, notícias a respeito da Maçonaria que teve origem em informações levadas por irmãos participantes nos trabalhos de Loja, sobre assuntos tratados no seio da Ordem. Recentemente, estes casos voltaram ao noticiário com maior frequência e podem culminar com a geração de problemas graves para a Instituição, porquanto, municiados de informações obtidas por esses meios esconsos, dão uma ideia errónea da Ordem e tendem a incluir e a meter tudo no mesmo saco, não fazendo a legitima diferença de organizações e instituições existentes em Portugal, aparecendo aos olhos e ouvidos das pessoas em geral como “Maçonaria”, omitindo propositadamente as diferentes Obediências maçónicas existentes. Alguns dirigentes da Ordem revelam-se preocupados. E não é para menos. Os acontecimentos no seio das reuniões são privativos e não devem ser informados ou comunicados, nem a maçons que não estiveram presentes na sessão, nem levá-los ao conhecimento de profanos! Isto é proibido. Conversar, fora da reunião, o que se ventilou durante a sua realização, não é maçónico. Contraria os nossos princípios e leis. Deforma a tradição!

Ainda a propósito da questão do segredo, se a Maçonaria é uma organização secreta, se deve revelar o que se passa nas suas reuniões, para aquelas pessoas que pensam e imaginam o quanto tenebroso é a Maçonaria, que devia ser tudo publicado, revelado e até público, recordo o artigo de Fernando Pessoa no Diário de Lisboa, de 4 de Fevereiro de 1935, sobre o projecto da Assembleia Nacional que visava a ilegalização das “associações secretas”, onde com inteligência e conhecimento profundo das Ordens Iniciáticas, respondia ao Sr. José Cabral, autor do referido projecto: “ Dada a latitude desta definição, e considerando que por “associação” se entende um agrupamento mais ou menos permanente de homens, ligados por um fim comum, e que por “secreto” se entende o que, pelo menos parcialmente, se não faz à vista do público, ou, feito, se não torna inteiramente público, posso, desde já, denunciar ao sr. José Cabral uma associação secreta – o Conselho de Ministros. De resto, tudo quanto de sério ou de importante se faz em reunião neste mundo, faz-se secretamente. Se não reúnem em público os conselhos de ministros, também o não fazem as direcções dos partidos políticos, as tenebrosas figuras que orientam os clubes desportivos, ou os que formam os conselhos de administração das companhias comercias e industriais”.

Portanto será da melhor geometria estar sempre a lembrar aos nossos Irmãos os juramentos e compromissos assumidos quanto ao sigilo. Não dizer, não falar, não escrever, não revelar, convém ser lembrado com frequência, mesmo que nada tenha ainda acontecido a este respeito com a nossa Loja, assim como não devemos perder de vista o que ensina a sabedoria popular: “quem vê as barbas do vizinho a arder põe as suas de molho”.

Autor: Júlio Verne

terça-feira, 18 de março de 2008

Jacques De Molay

Historiadores modernos acreditam que Jacques De Molay nasceu em Vitrey, França, no ano de 1244 e pouco se sabe da sua família ou da sua infância, porém, aos idade de 21 anos, tornou-se membro da Ordem dos Cavaleiros Templários. Na Ordem participou destemidamente em numerosas Cruzadas, e o seu nome era uma palavra de ordem e de heroísmo. Em 1298, De Molay foi eleito Grão Mestre da Ordem. Este cargo foi assumido numa época em que a situação para a Cristandade no Oriente estava má. Os sarracenos haviam capturado Cavaleiros das Cruzadas e conquistado Antioquia, Tripoli, Jerusalém e Acre. Restavam somente os "Cavaleiros Templários" e os "Hospitalários" para se confrontarem com os sarracenos. Os Templários, estabeleceram-se na ilha de Chipre, com a esperança de uma nova Cruzada. Porém, as esperanças de obterem auxílio da Europa foram em vão pois, após 200 anos, o espírito das Cruzadas havia-se extinguido. Os Templários estiveram fortemente entrincheirados na Europa e Grã-Bretanha, com as suas grandes casas, as suas ricas propriedades, os seus tesouros; os seus líderes eram respeitados por príncipes e temidos pelo povo, porém não havia nenhuma ajuda popular para os seus planos de guerra. Foi a riqueza, o poder da Ordem, que despertou os desejos de inimigos poderosos e, finalmente, ocasionou a sua queda.

Em 1305, Felipe, o Belo, então Rei de França, atento ao imenso poder que teria se pudesse unir as Ordens dos Templários e Hospitalários, conseguindo um titular controle, procurou agir assim. Sem sucesso, no seu arrebatamento de poder, Felipe reconheceu que deveria destruir as Ordens, a fim de impedir qualquer aumento de poder do Sumo Pontificado, pois as Ordens eram ligadas apenas à Igreja. Em 14 de Setembro de 1307, Felipe agiu, emitiu regulamentos secretos para aprisionar todos os Templários. Jacques De Molay e centenas de outros Templários foram presos e atirados para os calabouços. Foi o começo de sete anos de celas húmidas e frias, torturas desumanas e cruéis para De Molay e seus cavaleiros. Felipe forçou o Papa Clemente a apoiar a condenação da Ordem, e todas as propriedades e riquezas foram transferidas para outros donos. O Rei tentou forçar De Molay a trair os outros líderes da Ordem e a descobrir onde todas as propriedades e os fundos poderiam ser encontrados. Apesar do cavalete e outras torturas, De Molay recusou-se.

Finalmente, em 18 de Março de 1314, uma comissão especial, que havia sido nomeada pelo Papa, reuniu-se em Paris para determinar o destino de De Molay e três de seus Preceptores na Ordem. Entre a evidência que os comissários leram, encontrava-se uma confissão forjada de Jacques De Molay há seis anos passados. A sentença dos juízes para os quatro cavaleiros era prisão perpétua. Dois dos cavaleiros aceitaram a sentença, mas De Molay não! Ele negou a antiga confissão forjada, e Guy D'Avergnie ficou ao seu lado. De acordo com os costumes legais da época, isso era uma retratação de confissão e punida por morte. A comissão suspendeu a secção até o dia seguinte, a fim de deliberar. Felipe não quis adiar nada e, ouvindo os resultados da Corte, ordenou que os prisioneiros fossem queimados no pelourinho naquela tarde.

Quando os sinos da Catedral de Notre Dame tocavam ao anoitecer do dia 18 de Março de 1314, Jacques De Molay e o seu companheiro foram queimados vivos no pelourinho, numa pequena ilha do Rio Sena, sendo destemidos até ao fim. "Embora o corpo de De Molay tivesse sucumbido naquela noite, seu espírito e suas virtudes pairam sobre a Ordem De Molay, cujo nome em sua homenagem viverá eternamente”.

Como todos sabem, sou membro da Ordem De Molay, ordem inspirada na história e exemplo do 23º e último Grão Mestre da Ordem dos Templários. Durante 17 anos de Ordem De Molay, assisti e fiz muitos trabalhos no que se refere às Ordens Templária, Maçónica e De Molay. Tive contacto com vários maçons estudiosos, vários livros e outros tipos de materiais cujo o principal assunto era Jacques De Molay e a Ordem dos Templários.
Escolhi como meu nome simbólico, Jacques De Molay, não somente por ser membro da Ordem que leva seu nome, mas também por tudo aquilo que ele representou e enfrentou com amor, coragem e determinação. Combateu a tirania, procurava junto com a Ordem dos Templários ajudar os mais fracos e oprimidos, e teve a coragem de enfrentar o poder da inquisição. Jacques De Molay não delatou a identidade de outros companheiros Templários, nem dos seus bens. Ele foi leal sob incontáveis torturas físicas e psicológicas. Até parte das riquezas templárias a Inquisição ofereceu a De Molay se ele colaborasse, no entanto, nem a tortura, nem anos e anos na prisão, nem o suborno fizeram que De Molay cedesse ou vacilasse nos seus principios e valores.

O amor que Demolay demonstrou ter pela Ordem Templária e pelos seus Irmãos, a sua fidelidade, a sua bravura e forma heróica como viveu e morreu fez com que eu adoptasse o seu nome, como sendo o meu nome simbólico.

Autor: Jaques De Molay

quarta-feira, 12 de março de 2008

Quem foi Albert Mackey

Nascido em 12 de Março de 1807 na cidade de Charleston no estado americano da Carolina do Sul, Albert Mackey graduou-se com honras na faculdade de medicina daquela cidade em 1834. Praticou a sua profissão cerca de vinte anos, após o que dedicou quase que completamente a sua vida à obra maçónica. Recebeu o 33.º, o último grau do Rito Escocês Antigo e Aceite, e tornou-se membro do Supremo Conselho onde serviu como Secretário-Geral durante anos. Foi nesta época que manteve uma estreita associação com outro famoso maçon americano, Albert Pike.
Participou como membro activo em muitas Lojas, inclusive na lendária “Solomon's Lodge N.º 1", fundada em 1734, que é, ainda hoje, a mais famosa e mais antiga Loja a trabalhar continuamente na América do Norte. Ocupou inúmeros cargos de destaque nos mais altos postos da hierarquia maçónica do seu país. Pessoalmente o Dr. Mackey foi considerado encantador por um círculo grande de amigos íntimos. Sempre que se interessava por um assunto era muito animado na sua discussão, até mesmo eloquente. Generoso, honesto, leal, sincero, mereceu bem os elogios e qualificações que recebeu de inúmeros maçons de destaque.

Um revisor da obra de Mackey disse que, como autor de literatura e ciência maçónica, trabalhou mais que qualquer outro na América ou na Europa. Em 1845 publicou o seu primeiro trabalho, intitulado “Um Léxico de Maçonaria” depois, seguiram-se: “The True Mystic Tie” 1851; The Ahiman Rezon of South Carolina,1852; Principles of Masonic Law, 1856; Book of the Chapter, 1858; Text-Book of Masonic Jurisprudence, 1859; History of Freemasonry in South Carolina, 1861; Manuel of the Lodge, 1862; Cryptic Masonry, 1867; Symbolism of Freemasonry, and Masonic Ritual, 1869; Encyclopedia of Freemasonry, 1874; and Masonic Parliamentary Law 1875.

Mackey esteve até o fim da vida envolvido com a produção de conhecimento maçónico. Além dos livros citados contribuiu com frequência para diversos periódicos e também foi editor de alguns. Por fim, publicou uma monumental “History of Freemasonry”, em sete volumes. Um testemunho da importância e popularidade que os livros escritos por Mackey têm, é o facto de que muitos deles são editados até hoje e estão à venda em livrarias, inclusive pela Internet. Dos muitos trabalhos que o Dr. Mackey legou à posteridade, um julgamento quase universal identifica a “Encyclopedia of Freemasonry” como a obra de maior importância. Anteriormente à publicação deste livro não havia nenhum de igual teor e extensão em qualquer parte do mundo. Esta obra teve muitas edições e foi revista várias vezes por outros autores maçónicos.

A contribuição de Mackey para o pensamento e leis maçónicas, produto da sua mente clara e precisa, é tida como de fundamental importância. Praticamente toda a legislação maçónica fundamental é hoje interpretada com base em alguns de seus escritos. É verdade que algumas de suas obras contêm enganos, mas o conjunto é de extremo valor e, em particular, um trabalho tem especial destaque no mundo todo. A compilação feita por ele dos marcos ou referenciais básicos da maçonaria, que é adoptada como fundamento em vários ritos e obediências. Os tão mencionados e conhecidos “Landmarks”. Os Landmarks, que podem ser considerados uma "constituição maçónica não escrita", longe de serem uma questão pacífica, constituem uma das mais controvertidas demandas da Maçonaria, um problema de difícil solução para a Maçonaria Especulativa. Há grandes divergências entre os estudiosos e pesquisadores maçónicos acerca das definições e nomenclatura dos Landmarks. Existem várias e várias classificações de Landmarks, cada uma com um número variado deles, que vai de 3 até 54.

Facto é que o grande trabalho de Mackey em jurisprudência, sobreviveu ao teste do tempo. Ainda hoje é frequentemente citado como uma autoridade final. As suas contribuições tiveram, e ainda têm, um efeito profundo e permeiam grande parte do pensamento maçónico moderno. Ao criar a sua obra, este autor, estava na realidade a criar os marcos sobre os quais foi possível edificar grande parte do conhecimento maçónico que se produziu posteriormente.

Albert Gallatin Mackey passou ao oriente eterno em Fortress Monroe, Virgínia, em 20 de Junho de 1881, aos 74 anos. Foi enterrado em Washington em 26 de Junho, tendo recebido as mais altas honras por parte de diversos Ritos e Ordens. Hoje existe nos Estados Unidos uma condecoração, a “Albert Gallatin Mackey Medal”, que é a mais alta condecoração concedida a alguém que muito tenha contribuído para a causa maçónica.

Autor: Júlio Verne, Baseado In "The Grand Lodge of Free and Accepted Masons of the State of California"