terça-feira, 24 de maio de 2011

Sociedade e Cidadania

Após pensar sobre este tema - Sociedade e Cidadania, e após alguma ponderação resolvi tentar definir de uma forma simples, e porque não primária, do que é a Sociedade e o que é Cidadania, pelo menos para mim.

Vejamos então: O ser humano é por natureza gregário e esta tendência leva-o a se juntar com o seu semelhante o que tem como consequência a perca de algumas das suas características individuais, e como não podia deixar de ser também algumas das suas liberdades.
Este “ajuntamento” não é universal, antes pelo contrário, iniciou-se primeiro por uma família, depois por outras até chegarem à fase da tribo, a qual detinha e defendia o seu território, com os seus hábitos e costumes bem definidos. Esta seria a primitiva sociedade, onde cada um teria de se integrar nas necessidades de sobrevivência do seu semelhante/aglomerado.
Se multiplicarmos a situação anterior por “n”, e se pensarmos no desenvolvimento intelectual, no acumular da informação que hoje o ser humano possui é fácil fazer a extrapolação para os dias de hoje: A sociedade em que vivemos.
Foi rápido... como se isto fosse assim tão simples. Não esqueçamos o primeiro parágrafo: "a necessidade gregária fê-lo perder algumas características individuais e algumas das suas liberdades" e aqui começam os problemas de conciliação do indivíduo com a Sociedade, seja ela primitiva ou actual.

Esta tentativa de conciliação é para mim a Cidadania. No desenvolvimento dessa conciliação criaram-se um conjunto de instituições com o objectivo de controlar e administrar a Sociedade/Nação – Estado.
Hoje, numa sociedade democrática, a direcção destas instituições são enquadradas pelos partidos políticos, mas desculpem-me, já não sei se isto corresponde á realidade ou antes estão enquadradas por "facções" como diria Jean-Jacques Rousseau num dos seus libelos contra a representação política – os partidos constituíam corpos estranhos ao Estado, e a sua formação um sintoma da ruína da comunidade: ao favorecer os interesses particulares em detrimento da vontade geral, as "facções" e todo o tipo de associações e todo o tipo de associações parciais colocavam em causa o carácter indissolúvel do contrato social – conceito perigoso que deu origem a muita coisa má. O problema de hoje, na minha modesta opinião, é que que os termos "partido" e "facções" tornaram-se semanticamente equivalentes quando se confundem na realidade, ou seja quando o percurso inevitável dos "partidos" é o degenerarem em "facções". Estarei eu enganado ou estou a ver mal o problema?

Se pensarmos na “Mirídia” de situações que encontramos na Sociedade actual... dá para pensar.
Os modelos actuais de governação, quanto a mim estão ultrapassados, têm que ser repensados. Tudo gira á volta da economia e não pode ser, temos que a moralizar. Reparem no que está a acontecer com a revolta das populações no mundo árabe. Reparem que as classes políticas só advertem as reivindicações dos pobres mas não as dos ricos. O modo da produção de riqueza e a sua integração na sociedade tem que ser repensado. Esta não não pode ser resolvida com uma mera justiça distributiva. É imoral....

Penso que a verdadeira "Politique", como ciência do governo do Estado, tarda a aparecer.

Autor: Jorge Amado

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