quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mito, Rito e Ritual

Templo de Salomão por Carmen-Lara
A palavra Mito deriva do grego “ mithós” que significa narrativa de carácter simbólico. 

Há quem ligue a maçonaria a inúmeras raízes históricas e lendárias que influenciaram de várias maneiras o seu conteúdo simbólico, mas é na tradição judaico-cristã onde vai encontrar o seu mito fundador e principal, e que vem a ser comum a todas as obediências – a lenda de Hiram. 
É aqui que a maçonaria contemporânea vai encontrar as suas fontes de inspiração mais intensas. 
Quem era este Senhor? era um famoso arquitecto tírio que o Rei de Tiro cedeu ao Rei Salomão a solicitação deste, para a construção do maior santuário alguma vez concebido para a glória do Altíssimo. 
Hiram, aquém também chamavam Abif “o filho da viúva”, organizou toda a sua força de trabalho em três categorias: aprendizes, companheiros e mestres, cada categoria recebendo uma palavra secreta de livre transito, somente conhecida pelos seus membros. 
Foi o conhecimento desta palavra secreta, que três companheiros que a pretendiam conhecer a fim de poderem usufruir dos salários e da consideração devidos aos Mestres, e dada a recusa de Hiram em a divulgar, a razão do seu assassinato. 
É através desta lenda que a maçonaria se liga a um dos temas principais essenciais, praticamente de todas as atitudes espirituais tradicionais – o da morte e da renascença interiores. 

No congresso de Lausana de 1875 procurou-se definir o que é o rito: 
A ordem maçónica é partilhada em diferentes Ritos reconhecidos e aprovados que, apesar de diversos, são todos oriundos da mesma fonte e tendem para o mesmo objectivo. 
Seja de que Rito reconhecido for, um Mação é irmão de todos os Mações do globo. 
Cada Rito tem a sua autoridade reguladora e a sua hierarquia. 
Cada Rito reconhecido é perfeitamente distinto e independente. Os actos de administração que emanam dos seus chefes só são obrigatórios para os Mações da sua obediência. 
Não me parece que o tenham definido de forma clara. 
Para mim o rito não é mais do que um modo de acção do mito e que possui uma força operativa que veicula pela sua prática a energia contida no simbolismo. É uma ferramenta necessária á realização interior de cada um, na medida em que abala a estrutura do indivíduo. 

Definir o que é ritual por palavras simples não é fácil pois se a iniciação é a transmissão, a aprendizagem e a integração efectuam-se essencialmente através do vivido simbólico do ritual maçónico. Este é apreendido de uma forma sensorial e não intelectual, o simbolismo do ritual não é enunciado mas funcional. Sendo o ritual estruturante ele é aberto á procura de uma ou várias compreensões interiores ou pessoais. O ritual é uma característica do grupo dos maçons: repetitivo, ele manifesta e produz a pertença ao conjunto tornando-se na memória dos maçons e o seu propósito de manutenção da sua identidade promovendo a coesão do grupo. 
É por isso que o ritual pelo seu valor, vai actuar sobre o indivíduo e tornando-se eficaz, se for praticado com rigor, sem faltas ou falhas.



Autor: Jorge Amado

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