terça-feira, 29 de outubro de 2013

Aquilino Ribeiro, um nome simbólico

A escolha do nome que quero adoptar prende-se com a profunda admiração que sempre tive pela Obra do escritor Aquilino Ribeiro (1885-1963). Maçon, entrou para a Loja Montanha do GOL a convite de Luiz de Almeida ligado GL de Portugal.
No ano de 1906 passa a viver em Lisboa tendo iniciado a carreira de escritor e jornalista. Em 1907 adere à Carbonária. É preso. Mais tarde, a 12 Janeiro de 1908 evade-se da prisão e em Maio foge para Paris. No final de 1910, após a proclamação da republica, regressa a Portugal, voltando depois para França com o propósito de continuar os estudos. Em 1927 envolve-se numa conspiração politica, é perseguido, volta de novo para Paris. 

Homem de convicções fortes deixou para trás o Seminário para se tornar jornalista e escritor. Aquilino teve uma vida cheia de aventuras, que incluiu a de guardar dinamite que viria a explodir no seu quarto (numa casa na Rua do Carrião à Estrela, onde morrem um médico e um comerciante e escapa com vida o estudante Aquilino Ribeiro), duas fugas da prisão, anos de exilio e temporadas na clandestinidade, escondendo-se na Beira e no Minho, territórios que conhecia bem e cujas paisagens descreve demoradamente em muitos dos seus livros. 
Era um cidadão do mundo. Na sua obra cabe um século inteiro, com as vezes e revezes. Na sua vida coube um romantismo aventuroso, sempre lutou contra as injustiças e despotismos vários. Nunca se vergou nem às sotainas da sua adolescência, nem às prisões, a juízes, monarcas ou ditadores. 

Em 1932 entra clandestinamente em Portugal, fixa-se em Abravezes, Viseu. Entretanto, é amnistiado e fixa-se na Cruz Quebrada. No ano seguinte instala-se o Estado Novo de Salazar.
Não cabe aqui a vasta obra de Aquilino, dos livros e textos literários publicados. Nunca deixando o seu sentido de luta contra a Ditadura Salazarista, em 1949,  é membro activo da Comissão eleitoral do General Norton de Matos.
Dedica-se ao ensino e junta-se ao Grupo Seara Nova. No ano de 1959, é-lhe movido um processo censório pelo seu romance "Quando os Lobos Uivam". Em 1960, é proposto ao Prémio Nobel da Literatura pelo Prof .Catedrático Francisco Vieira de Almeida, tendo mais de uma centena de intelectuais e figuras publicas subscrito a proposta. Em consequência deste facto o regime político resolve salvar a face ao arquivar o processo e Aquilino é abrangido por uma amnistia.
Em 1958, já com 74 anos, continua a luta e é um dos promotores da campanha eleitoral de Humberto Delgado. Em 1963, publica "Tombo do Inferno". No dia 27 de Maio de 1977 morre no Hospital da CUF com 77 anos.

Adoptar um nome simbólico de um grande Homem será sempre abusivo, a estatura intelectual e de lutador por causas como a Liberdade e a Justiça é ideal politico que se insere no ideal do Maçon e são razões sobejas para adoptar o seu nome.
A adoção do nome de Aquilino Ribeiro tem a ver com os valores que o escritor (homem livre) pugnou e que na sua obra transparece, com os quais hoje perfilho sintetizados na divisa universal da maçonaria: Liberdade com ordem, Igualdade com respeito e Fraternidade com justiça.
Não aceitou dogmas, embora na sua adolescência tivesse passado pelo seminário, combateu a opressão, a miséria , o sectarismo e a ignorância.
Combateu a corrupção e considerou o trabalho como um direito e um dever, valorizando igualmente o trabalho manual e o trabalho intelectual.
Virtudes que são cultivadas pelos maçons, coma a crença numa sociedade justa e mais perfeita, força aglutinadora que congrega os “homens livres e de bons costumes”.

Autor: Aquilino Ribeiro

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Poema Papiniano Carlos


Notável poesia de Papiniano Carlos lida aquando do Congresso Republicano de 1956. Que ajude a inspirar os Republicanos vivos no exemplo dos Republicanos mortos!

sábado, 5 de outubro de 2013

Comemoração da República no Feminino

Exposição de fotografias - Mulheres no tempo da República
 
De Joshua Benoliel (1873-1932), que nasceu em Lisboa, foi fotojornalista e o introdutor da fotografia de imprensa em Portugal.
Deixou um enorme arquivo fotográfico sobre o fim da monarquia e o princípio da república para além de uma foto- documentação sobre Lisboa e as suas gentes.
A exposição que será apresentada no Grande Oriente Lusitano dará a conhecer uma pequena selecção do importante espólio que se encontra conservado no Arquivo Municipal da Câmara de Lisboa e pretende ilustrar os "quotidianos no feminino" entre 1904 e 1920, mostrando essencialmente imagens de profissões de mulheres (das mais modestas às mais sofisticadas), cenas de rua, os namoros, as greves.

Joshua Ruah - Comissário da Exposição




Mesa Redonda - Quotidianos no Feminino da Implantação da República ao Século XXI

- Fernanda Rollo, Professora Associada de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. "Mulheres, Republicanas e Cientistas são perigosas"
 - António Arnaut, Advogado e Past-Grão-Mestre do GOL. "As Mulheres e a República"
- Maria Antonieta Garcia, Professora Associada da Universidade da Beira Interior (aposentada). "Olhares da Imprensa Guardense sobre o Feminino no início do Séc. XX, Cisões na Cultura Patriarcal"

Quotidianos no Feminino, porque somos Mulheres e queremos vislumbrar o que se esconde na penumbra do véu que cobre a História e a Actualidade do e no Feminino.
A Implantação da República foi indubitavelmente "o acontecimento" dos primeiros anos do Século XX português, com bandeiras políticas, económicas e sociais conhecidas.
E nos quotidianos? Quando e comos e fizeram sentir as "bandeiras" da República? Quem eram e como viviam as mulheres de Portugal no dealbar do Século XX? As cultas, as analfabetas, as urbanas, as rurais e todas as outras? Quem foram essas mulheres ao longo Século XX, em que medida os investimentos na alfabetização e na laicização do Estado, entre outros, se fizeram sentir nos seus quotidianos?
E hoje, mais de cem anos volvidos, quem são e como são as mulheres portuguesas, bisnetas da República? Fazem os seus quotidianos, jus às bandeiras da República, revêm-se nelas, recriam-nas?


Um 5 de Outubro no feminino

"A comemoração do 103.º aniversário do 5 de Outubro, foi pensada na importância que a Implantação da República teve sobre as mulheres.
No primeiro ano em que o 5 de Outubro não é feriado nacional, importa analisar cuidadosamente que modificações substanciais se verificaram na situação social, familiar, educacional e cultural das mulheres desde a Implantação da República até aos nossos dias.
É "Um 5 de Outubro do feminino" onde os nossos olhares se fixarão sobre os quotidianos reproduzidos nas imagens "falantes" de Joshua Benoliel e onde as "bandeiras da República" que aliciaram e entusiasmaram as mulheres neste movimento de Liberdade serão revisitadas e reavivadas"

Mery Ruah
Grã-Mestra Grande Loja Feminina Portugal

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma bofetada na República

Os Centros Republicanos sempre comemoraram o 5 de Outubro. 
Sempre junto à estátua de António José de Almeida, quer durante a Primeira República, quer na Ditadura do Estado Novo e agora, ao longo da Segunda República. Mas sempre, arrostando durante a Ditadura com cargas policiais e selváticas. 

Agora, acabou-se com o feriado do 5 de Outubro, curiosamente num tempo em que o Sr. Presidente da República louva esta e os seus ideais fazendo apelo à ética Republicana. Os dois anteriores Presidentes, Mário Soares e Jorge Sampaio, também o fizeram e com forte convicção. Ora, quando os nossos Presidentes assim procedem, a República resulta em exemplo estimulante para os comportamentos que os actores políticos nem sempre, como tal, têm assumido. 

Na Ditadura, foi a “República” que aglutinou o combate politico com as intervenções sacrificadas de muitos Republicanos. Os Congressos Republicanos de Aveiro foram disso exemplo notável. A República foi nesses difíceis tempos a voz, o coração e a coragem da Oposição.

O Governo, da República, extinguiu o feriado do 5 de Outubro e ao fazê-lo, pelo menos, está a esquecer os seus fundadores republicanos, já mortos, companheiros de quem nos lembramos agora, Mário Montalvão Machado, Artur Santos Silva, José Augusto Seabra, Artur Andrade, Artur da Cunha Leal, Olívio França, Nuno Rodrigues dos Santos, entre outros.
Importa dizer não, por Decência.
 
Talvez a notável poesia de Papiniano Carlos lida aquando do Congresso Republicano de 1956, ajude a inspirar os Republicanos vivos no exemplo dos Republicanos mortos:

“Que vos dizer, ó companheiros mortos,

Ó mestres queridos, ilustres ou anónimos?
Que palavras incolores, que rosa desfolhada
para dar-vos? Não, a terra não ficou
por semear, nem o navio abandonado,
a tarefa inacabada.
 

Mesmo que vós nos dissésseis: “Estamos mortos!
Que esperais de nós ainda?”, nós sabemos
que é a vosso lado que atravessaremos as sombras
destes terríveis tempos. Convosco viajaríamos
através da morte, da peste e dos infernos
se preciso fosse. A liberdade escreve-se
com sangue, estrelas e raízes, e é no meio
das trevas e dos cárceres que floresce

Assim vós a amastes e nos ensinaste.

Assim a amamos e, em seu nome,
havemos de chegar ao fim
da áspera jornada:

Com o exemplo da vossa união,
com vossa fé, vosso amor ao Povo, vossa verdade,
vosso navio,
vossa inesquecível voz.”

Aqui fica o pedido ao Governo para reflectir devidamente e não “liquidar” o feriado do 5 de Outubro.
Abracemos esta causa. Digamos não!
 

Viva a República!