O objectivo da Maçonaria é o da procura da Verdade nos seus mais variados aspectos e utiliza como linguagem, fundamentalmente, a linguagem simbólica. Esta, que ainda há pouco parecia ultrapassada ganhou nova força e vigor devido ao reconhecimento por muitos (na literatura, na arte e até na ciência) da relatividade do conhecimento puramente racional.
O simbolismo maçónico mergulha as sua origens no esoterismo cristão (Joanista) mas, também, nas mais antigas fontes iniciáticas ( Caldaicas, Egipcias e Gregas). Para os antigos os instrumentos do seu conhecimento eram a Razão e a Fé, acreditavam que a primeira não pode alcançar tudo e sabiam dar lugar à intuição.
Na Idade Média os guardiões da tradição Esotérica foram os Judeus e os Árabes (sobretudo as seitas Fatimistas e Ismaelitas) exactamente na época em que os Templários estavam em contactos com eles...
O simbolismo permite, através do tempo e do espaço, estabelecer a relação adequada entre o sinal e as ideias e a iluminação que os símbolos provocam permite, simultaneamente, apreender os diferentes pontos de vista e unificá-los revelando a unidade que os transcende e fazendo passar do conhecido ao desconhecido, do visível ao invisível, do finito ao infinito. São os símbolos que ajudam à criação da iluminação intelectual que a Ordem tem por objectivo criar nas inteligências dos seus discípulos.
Por outro lado, a Verdade que todo o maçon persegue e que foi motivo da sua entrada na Ordem não poderá alcançar-se senão através da via do amor. Esta implica tolerância activa e humildade e faz compreender que é o conjunto que importa e que a razão individual vale só na medida em que participa no Absoluto, e é esta noção de amor, concebido como modo de apreensão do conhecimento, guiado pela tradição, que permite à razão individual alcançar a razão geral e a ideia universal, ou seja, a Verdade.
O esoterismo tradicional e os seus fins iniciáticos exerceram durante séculos uma influência considerável sobre as diversas formas de pensamento e as suas manifestações. Sabe-se desde Berger, que a razão didática não é a única forma de pensamento, e pela contribuição dada pelas grandes descobertas da ciência dilui-se a oposição simplista entre o materialismo e o espiritualismo. Assim, repõe-se hoje, em lugar de honra o princípio fundamental do Hermetismo: "A Unidade. Todo está em Tudo."
Por isso, a Maçonaria continua viva e, senão forem desvirtuados os seus objectivos, seguidas as vias que propõe, de forma corajosa e correcta, ela irá contribuir de forma importantíssima para o reencontro do Homem consigo mesmo, para a reintegração final do Homem na sua essência, tanto pelo intelecto como pelo coração.
Construamos pois a Maçonaria dentro e fora de cada um, Maçonaria que se posiciona como criadora de um homem novo, verdadeiramente irmão dos outros homens e que, com toda a propriedade, possa ser chamado de filho da Luz.
Autor: Albert Schweitzer, II