Desbastar a pedra bruta, aproximando-a da sua forma final – esta é a tarefa ou trabalho simbólico a que todo o Aprendiz tem de se dedicar para chegar a ser um obreiro que domine inteiramente a sua Arte.
Neste trabalho simbólico, o Aprendiz é simultaneamente obreiro, matéria-prima e instrumento. Ele próprio é a pedra bruta, emblemática do seu ainda muito imperfeito desenvolvimento, é a pedra que tem de converter em perfeição interior enquanto se mantém no estado latente dessa evidente imperfeição, por forma a que possa ocupar o lugar que lhe corresponde no edifício para que está destinada.
Todavia, dado que a Perfeição é infinita e, no seu estado absoluto, inatingível, unicamente podemos aspirar a nos acercarmos da perfeição que nos for dado conceber, no estádio do progresso em que nos encontrarmos. O nosso progresso desenvolve-se, pois, através de graus sucessivos de perfeição relativa, enquanto, por um lado, o próprio reconhecimento da nossa imperfeição – a pedra bruta – e, por outro, o de um ideal que desejamos, são as primeiras condições indispensáveis para que possa haver esse trabalho.
Tal tarefa consiste em despojar a pedra bruta das suas asperezas, pondo primeiro em evidência o estado de rudeza da pedra; depois, rectificando-a, alisando-a e desbastando todas as protuberâncias que a afastem da forma harmoniosa que é necessário conferir-lhe.
É importante notar que não se trata de aproximar a pedra da forma de um determinado modelo exterior, se bem que este possa servir de incitamento e de inspiração, mas que o modelo ou perfeição têm de ser procurados no seio dessa mesma pedra.
Autor: Álvaro
Raúl Mesquita disse...
ResponderEliminar" No seio dessa mesma pedra"...eis a chave! Obrigado Meu Querido Irmão. Raúl Mesquita.
Sábado, 28 Novembro, 2009