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terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Palácio Maçónico Português

Embora a designação surja anteriormente à aquisição da actual sede (por exemplo aplicada ao andar alugado da Rua Nova do Carmo, 43, em Lisboa, sede do Grande Oriente Lusitano Unido até 1880), o termo aplica-se sobretudo ao edifício localizado na R. do Grémio Lusitano (ex-Travessa do Guarda-Mor) n.º 25 (ex-35), fazendo esquina para a Rua da Atalaia; este palácio foi comprado, pelo Grémio Lusitano, a Carlos Augusto Mascarenhas Relvas de Campos (pai do maçon e político José Relvas), em 17.11.1879, mas a sua aparência era muito diferente da actual, achando-se então meio arruinado e sendo constituído por vários corpos de edifício e suas dependências. A aquisição importou em 14.000$000 réis, soma conseguida por empréstimo que foi sendo pago ao longo dos anos.

As primeiras obras de restauro e alargamento tiveram lugar em 1879-80, instalando-se o Grémio Lusitano no Palácio em Maio de 1880, data em que terminou a construção do primeiro templo; depois foram-se, pouco a pouco, realizando sucessivas obras, nomeadamente em 1897-99. Em 1898 obteve-se novo empréstimo do Crédito Predial Português, de 13.500$000 réis em 150 obrigações de 4,5%. Só nos últimos anos do século ficou o exterior do Palácio concluído, com feição aproximada à de hoje. No interior, só em 1901 se terminaram as obras do templo grande.

Os assaltos ocorridos em 9 de Dezembro de 1918 e em 16 de Abril de 1929 causaram destruições e prejuízos avultados. O Palácio teve de encerrar as suas portas de Maio de 1929 a Março de 1930. Reabriu, com a condição de que não se realizassem sessões com mais de dez pessoas e que o total de presenças no Palácio não fosse além de vinte. Encerrou, novamente, para efeitos práticos, em Dezembro de 1930, reabrindo em 1.2.1931. Finalmente, por ordem do ministro do Interior, foram as suas portas seladas em 18 de Maio de 1931, depois de novo assalto, assim se mantendo durante algum tempo depois de promulgada a lei n.º 1901, de 21.05.35.

A lei n.º 1950 de 18.2.1937 mandou entregar à Legião Portuguesa todos os bens do Grémio Lusitano, incluindo o edifício sua sede. Esta entrega, autorizada por despacho do ministro das Finanças de 20.3.1937, teve lugar em 16 de Abril seguinte. A Legião Portuguesa, depois de destruir toda a decoração de tipo maçónico e de adaptar o edifício às suas conveniências, fez aí instalar os seus Serviços de Acção Social e Política, inaugurados em Dezembro do mesmo ano.

Em 7 de Maio de 1974, a Junta de Salvação Nacional restituí o Palácio ao Grémio Lusitano, que logo o ocupou. O edifício fora de novo assaltado pelo povo nos dias que se seguiram à revolução, ficando uma vez mais destruído e desaparecendo grande parte do seu recheio. A rapidez com que se efectivaram as obras básicas de restauração deveu-se à boa vontade do construtor civil Amadeu Gaudêncio, maçon ele também. Em fins de 1974 os trabalhos maçónicos podiam enfim reatar-se no edifício que lhes cabia.

In Dicionário de Maçonaria Portuguesa - A. H. de Oliveira Marques

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