O solstício de Verão, recentemente ocorrido, marca o apogeu do percurso solar: o Sol está no zénite, no ponto mais alto do céu.
Trata-se de uma data particularmente festejada pela Maçonaria, que escolheu o Sol como um dos símbolos principais em torno dos quais gira a liturgia desta Ordem Universal – circunstância que, aliás, se encontra inequivocamente plasmada pelo destaque que lhe é concedido na decoração dos Templos.
Para além de outros significados que ocorrem em concomitância, o Sol simboliza a inteligência cósmica, aquela que guia a Razão, fonte do Conhecimento sempre almejado pelos Maçons mas jamais alcançado na sua plenitude.
Todavia objectivo inatingível, ao iniciado é cometida a tarefa inesgotável de perseguir os caminhos do Conhecimento – razão primeira e última das actividades que se desenrolam nos trabalhos em Templo, desenvolvidos pelos obreiros, os quais, por seu turno, devem socorrer-se da Geometria Simbólica para traçar pranchas que constituam não peças acabadas, mas sim contributos para uma reflexão individual e colectiva.
É neste contexto que o Conhecimento é a forma mais eficaz de derrotar o Obscurantismo que tem sido causa de grandes males que se têm abatido sobre a Humanidade, em geral, e sobre a Ordem Maçónica, em particular – desde a eclosão das ditaduras até às atitudes persecutórias e intolerantes desenvolvidas em nome de religiões ou de deuses cujo nome apenas é utilizado como pretensa justificação de homens que utilizam a manipulação para a prossecução de objectivos inconfessáveis.
Mas o Sol é, também, uma referência permanente na vida dos Maçons, porque, colocado a Oriente e irradiando para a Coluna do Sul, são os seus raios simbólicos que permitem tornar perceptíveis os conhecimentos que vão sendo adquiridos no longo e interminável percurso de quem teima e persevera no desbastar da Pedra Bruta.
Particularmente, considero que uma das grandes dádivas que a Maçonaria proporciona é a possibilidade de enveredar por um verdadeiro dédalo de conhecimentos, que nos fazem mergulhar não apenas naquilo que constitui o nosso Catecismo, como também em outras culturas – elas, outrossim, formas de conhecimento a que podemos ir tendo acesso.
Ora, é precisamente neste domínio que considero que as coincidências são, por vezes, arrepiadoramente óbvias. Assim – e como falamos de Sol – não deixa de ser curioso que os raios solares com os quais são identificados os cabelos de Xiva (terceiro, repito, terceiro deus da trindade hindu) são tradicionalmente sete (repito, sete). E o Sol é também o personagem da obra “O Ancião dos Dias”, do poeta britânico do século XVIII William Blake, que relata o deus solar medindo o céu e a terra com a ajuda de um compasso (repito, com a ajuda de um compasso).
Saudemos, pois, o Solstício, com o Sol ocupando o ponto mais alto de onde pode partir a nossa marcha rumo ao Conhecimento, que une as vocações libertárias, igualitárias e fraternas da Ordem Maçónica Universal.
Autor: Álvaro