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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Ao chegar o Natal

Ao chegar o Natal é costume falar-se muito dos pobrezinhos e assistirmos a campanhas de angariação de géneros para lhes dar. Mostra-se na televisão a Sopa dos Pobres e uma ementa generosa para a ceia natalícia. Infelizmente, passado o dia 25 de Dezembro, já apenas se ouve falar nas festas mais ou menos grandiosas que estão a ser preparadas para a passagem de ano. Estou mesmo convencido de que se gasta muito mais nos fogos de artifício e nessas festas de celebração de uma simples mudança de calendário do que tudo quanto foi angariado para dar aos mais necessitados.
Claro que essas campanhas a favor dos mais carenciados e quem as organiza, merecem em geral o nosso respeito. No entanto, é frequente haver também um sentimento de desconfiança em relação às pessoas que nelas se empenham, o que cria mal-estar em quem, muitas vezes, o faz com sacrifício da sua vida pessoal.
Ao mesmo tempo, essa suspeita cria um dilema para quem pretende ajudar. Por um lado quer genuinamente minorar o sofrimento alheio, mas por outro receia que aquilo que oferece vá parar às mãos de alguém que se interpõe entre o dador e o legítimo beneficiário da dádiva.
A solução para este dilema só poderá ser obtida através da clarificação de quais são as organizações que têm esses objectivos tão nobres e que sejam tornadas públicas não só as suas contas como a forma como foi concretizada a sua actividade.

Estas minhas divagações causadas pela fase natalícia levam-me a pensar de uma forma mais global no espírito da sociedade de que fazemos parte e na falta de idealismo que nela é cada vez mais evidente. De facto, nos dias que correm, temos a sensação de que os grandes ideais (em especial os surgidos durante o século XX) se foram mostrando como meras utopias e, por consequência irrealizáveis na prática, ou deram mesmo origem a sociedades de pesadelo. Estou a pensar em concreto em estados onde, com base em ideais aparentemente muito belos, se forjaram ferozes ditaduras, mas também em grupos formados em torno de alguns gurus que os levaram a cometer crimes e mesmo a suicídios colectivos.
Daí até às pessoas comuns se sentirem desiludidas, terá sido um passo muito pequeno.
Por outro lado, especialmente nas cidades, devido ao frenesim das nossas vidas, ao trabalho e às obrigações que nos aprisionam, ao cumprimento de prazos e de horários, e à tentativa de realização de objectivos pessoais, deixámos de ter tempo para pensar nas ideias e em valores que não sejam os imediatos. Para a maioria dos nossos concidadãos, parece reinar o egoísmo, o “chega para lá”, ou mesmo o “salve-se quem puder”. A palavra “stress” parece ter-se instalado no nosso léxico de forma irreversível.
Mas será que no fundo de cada um de nós terão de facto desaparecido em definitivo os desejos de algum idealismo? Penso, ou desejo pensar, que não.
É certo que a nossa sociedade tem problemas importantes para resolver: na justiça, na educação, na saúde, no equilíbrio das contas públicas, e em outros aspectos que os noticiários não deixam esquecer. Mas estou certo de que acabará por chegar o momento em que as pessoas deixarão de pensar apenas nas coisas mais “terra a terra” e começarão de novo a tentar encontrar ideais colectivos.
Pergunto a mim mesmo se o futuro nos trará novos ideais, ou se serão alguns dos antigos a readquirir o seu justo valor. Estou a pensar concretamente nos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Quanto a estes, seria bom recordar que são extremamente belos. No entanto, talvez seja necessário que adquiram um sentido mais profundo do que actualmente lhes atribuímos. Por exemplo, seria muito positivo que ao pensarmos na ideia de “liberdade”, não nos limitássemos apenas a querer as nossas liberdades individuais, o nosso direito de opinião ou de iniciativa, mas também a que os seres humanos de todo o mundo tivessem essas mesmas liberdades. Já que tanto se fala em que vivemos na era da “globalização”, penso que seria excelente que a liberdade responsável fosse, também ela, “global”.
O mesmo se poderia dizer da ideia de “igualdade”. Se todos a conseguíssemos interiorizar, ou seja, se sentíssemos realmente dentro de nós que todos os seres humanos devem ter os mesmos direitos e deveres, quaisquer discriminações, sejam elas as baseadas no sexo, na raça, no credo religioso, nas ideias políticas ou no volume das contas bancárias, desapareceriam para sempre.
Mais distante ainda da generalidade das pessoas está uma ideia que, em conjunto com as duas anteriores, formou uma trilogia que se espalhou a partir da Revolução Francesa. Refiro-me à “fraternidade”. Como era bom que todos os seres humanos sentissem que fazemos parte de um mesmo mundo e que na realidade somos membros de uma só família! Podemos desligar o televisor quando aí nos são mostradas situações terríveis que infelizmente continuam a acontecer. Podemos fingir que não sabemos de nada, mas na verdade não deveríamos nunca esquecer que as vítimas de guerras estúpidas (e todas o são), do terrorismo e das calamidades naturais, são nossos irmãos. As crianças que, em vários pontos do planeta, morrem de fome são tão nossos irmãos como os amigos com quem vamos almoçar.

Há um outro ideal que não nasceu com a Revolução Francesa, mas antes devido à constatação de uma realidade terrível: a protecção do meio ambiente. É cada vez mais importante que todos tenhamos consciência das limitações dos recursos naturais e da necessidade de proteger da extinção todas as espécies que connosco partilham este pequeno planeta. Aqui já não estamos apenas perante um ideal mais ou menos distante, mas antes na presença de uma obrigação colectiva. Temos de interiorizar que é preciso defender o nosso mundo não só para nós como para as gerações que nos vão suceder. E também aí, todos podemos fazer alguma coisa, desde o apagar a lâmpada desnecessária até ao levar para a reciclagem o jornal que já lemos.
Antes de se criarem novos ideais, talvez seja necessário tomarmos plena consciência das realidades que nos envolvem e de que fazemos parte. O egoísmo tem de dar lugar à tolerância. Os nossos interesses individuais devem submeter-se aos da sociedade no seu conjunto.
Da mesma forma, as conveniências das nações e das multinacionais, podem ser muito respeitáveis, mas não se podem sobrepor aos interesses de toda a humanidade. Por isso há que substituir o som das bombas pelo das palavras, a guerra pelo diálogo, a injustiça e a ambição pela fraternidade.

Se nós, as pessoas comuns, criarmos um espírito colectivo suficientemente forte, os governantes e os grandes empresários, por mais poderosos que sejam, serão obrigados a mudar de rumo.
Podemos continuar a trabalhar arduamente e a divertir-nos quando tempos oportunidade, mas é imperioso que comecemos a guardar um pouco do nosso tempo e das nossas energias para a busca dos ideais, pois estes são essenciais para que a humanidade progrida e alcance a paz e a justiça de que tanto carece, num planeta que, tanto quanto sabemos até ao presente, é o único com condições para que nele possamos viver.

Autor: Carl Sagan

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

À memória

Ainda sobre a história e acção da Resp. Loja Estrela D’Alva, recordamos alguns dados históricos sobre a retoma dos trabalhos a seguir à liberdade de Abril.

No dia onze de Dezembro de mil novecentos e setenta e quatro, reuniu-se no Grande Oriente a Loja Estrela de Alva, estando presentes catorze dos seus elementos.

Desde então, foram momentos para recordar o que foi a vida da Loja na clandestinidade, não podendo deixar-se de elogiar a resistência dos Irmãos e o regozijo pela recuperação dos preceitos rituais e a satisfação por poderem-se reunir em casa própria. Apesar da satisfação, tratou-se de facto de uma ocasião digna de se citar a obra notável de Zaconi e voltando ao momento, em que sendo homens livres, e por isso, um homem que não é livre não é nada.

Momentos também para dissertar sobre o que é a Maçonaria, nomeadamente: os princípios e razões de existência; Ritos maçónicos, projectos para o futuro, que consiste em educar e instruir e o que deve a humanidade à Maçonaria.

Sobre a Resp. Loja Estrela D’Alva, muito já foi dito, que de pobre de elementos e de valor nunca padeceu e disso, atestam nomes dos seus elementos, que infelizmente já falecidos e homenageados à data do dia cinco de Junho de mil novecentos e setenta e cinco, nomeadamente: Professor Tomás da Fonseca, escritor; Capitão Lopes Soares, comandante da PSP; Júlio da Silva Rêgo, funcionário público; Martins Canhoto, sargento da marinha; Heitor Pereira, comerciante; Engenheiro Teodoro Robert, industrial; Professor Sousa Carvalho, Casa Pia; Pires Marques; José Tendeiro, regente agrícola; Domingos Lourenço Fernando, comerciante; José Rodrigues, maquinista de curso: Álvaro Evangelista, maquinista; Ernesto Ferreira, industrial; Firmino Silva, funcionário público; Jaime Gaudêncio, industrial; Gomes da Costa; Dr. Santos Moita, médico; Capitão Ramiro Gomes Pereira, advogado; Almirante João Cerejo; Santos Ferreira, chefe de Repartição; Hermano da Fonseca, funcionário de justiça; Barreto Monteiro, despachante oficial; Comandante João Carlos Costa, marinha de guerra; Alípio Alves; Henrique Pires, funcionário público; Julião Custódio, Industrial; Félix Baptista, sargento de marinha; João de Matos, funcionário público; Joaquim Pizarro, funcionário superior dos CTT e Raul Feteira, industrial.
A estes Maçons e outros que se lhes seguiram, dos vivos, tecem-se elogios, pela dedicação prestada, apelando-se para que seja continuado o seu trabalho.

Autor: Júlio Verne

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

De Dezembro de 1974 a Dezembro de 2007

Neste mês de Dezembro completam-se 33 anos desde que a Loja Estrela D’ Alva retomou o seu normal funcionamento. Tinham passado poucos meses desde que a Revolução do 25 de Abril libertou o país de uma ditadura de longos anos e já um grupo de maçons procurava recomeçar as actividades até então não só proibidas como fortemente perseguidas pelo regime deposto.

Poder-se-ia realizar uma qualquer comemoração, mais ou menos formal deste aniversário. No entanto, como todos sabemos, com o passar do tempo, a celebração de uma data acaba por se ir esvaziando de significado e a limitar-se a ser um dia como outro qualquer, ao qual ninguém dará grande atenção. Cumprida a “obrigação” imposta pelo calendário, tudo regressa à rotina habitual.

Assim sendo, parece-me que tal celebração poderá ser feita de uma forma bem mais profunda e significativa se atendermos a dois aspectos que só superficialmente são diferentes.
Por um lado, esse retomar de actividade evidencia que, ao contrário do que decerto desejava a ditadura, o espírito maçónico não tinha morrido em Portugal. Embora pouco mais que latente, ele estava vivo e bastou que a liberdade voltasse a reinar no nosso país para de novo desabrocharem as suas Lojas e os seus trabalhos.
De facto, se pensarmos no que é a essência do espírito maçónico, é evidente que nenhum ditador alguma vez o conseguirá matar. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade estão, desde há séculos, profundamente enraizados nos corações dos amantes da democracia, da paz e da justiça. A polícia política poderia prender as pessoas, mas nunca conseguiria destruir os seus ideais pois estes são mais fortes do que as correntes, as grades e as balas.
Manter e difundir o espírito maçónico, aprofundar os nossos conhecimentos sobre a Maçonaria e tentar o mais possível levar à prática os seus ideais serão decerto formas magníficas de homenagear os que nos antecederam como obreiros de uma Loja que recebeu o nome de um astro de grande brilho e que desde a mais remota antiguidade muito marcou os seres humanos.
Há contudo um segundo aspecto que, na minha opinião, nos permitirá também celebrar este aniversário de uma forma bem mais intensa do que uma qualquer cerimónia formal. De facto, penso que a melhor forma de comemorar os 33 anos do regresso à normalidade da Respeitável Loja Estrela D’ Alva será não só o darmos continuidade às suas actividades, como se possível aumentá-las ainda mais, ou seja, dinamizá-la com novos obreiros e com um trabalho cada vez mais intenso de todos os que já a constituem. A nossa assiduidade, a nossa participação com pranchas, sejam elas de que tipo forem, e a manutenção de um espírito de profunda fraternidade entre nós, serão a maior das homenagens aos ideais daqueles que, depois de terem resistido à ditadura, trataram de a erguer de novo.

No meu entender, essas serão as formas mais adequadas de os homenagear, assim como serão certamente as que eles, como maçons dedicados que eram, mais desejariam.
Autor: Carl Sagan

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Loja Estrela D'Alva - 99 anos de história

Comemora-se mais um Aniversário da Mui Antiga e Resp.'. Loja Estrela D’Alva, dentro dos princípios e antigos mistérios da Ordem Maçónica e na construção do templo interior, fazendo já parte da memória colectiva e histórica de muitos maçons.

Reportando ao Boletim ‘’A Luz” – 1ª Série - n.º 23, do Equinócio de Outono de 1994 da Loja Estrela D’Alva:
‘’Como memória, lembramos que a Resp. Loja Estrela D’Alva levantou colunas, pela primeira vez e trabalhou de 1871 a 1873 em Coimbra, irregularmente porque ainda não estava inscrita no Grande Oriente Lusitano.
Mais tarde, com o n.º 289, começou a funcionar no ‘’REAA’’, em Coimbra, entre 1908 e 1912, vindo a abater colunas nesta última data. O n.º 289 indica que é regular, portanto inscrita no GOL.
Depois, em 1937, com o Rito Francês, levantou colunas em Algés, inscrita com o n.º 469 e abateu colunas na clandestinidade, existindo ainda em 1945.
No entanto, novamente com o n.º 289, em Lisboa, desde 1919, surgiu a actual Loja Estrela D’Alva, regular, trabalhando no ‘’REAA’’, cuja existência foi quase toda passada na clandestinidade.
Após o 25 Abril de 1974, regulariza-se no GOLU, com 14 obreiros e mantém o mesmo n.º da antiga titular”.
Assim, o nome ‘’Estrela D’Alva” dado a uma Loja, remonta ao ano de 1871. A actual ‘’Estrela D’Alva’’ trabalha desde 1919, sendo herdeira de 5 anos de trabalho em Coimbra 1908/12 , tendo portanto 99 anos de trabalho regular.
Tem o timbre: ‘’Augusta, Benemérita e Respeitável Loja Capitular, Areopagita e Consistorial Estrela D’Alva n.º 289 sob os Auspícios do Grande Oriente Lusitano”.

Nestes 99 anos de trabalho em que o testemunho foi passando por gerações e que foram atravessados por múltiplos acontecimentos, como a Implantação da Republica, Estado Novo e a sua Ditadura, a privação da Liberdade e dos Direitos Humanos, a clandestinidade, uma guerra colonial, o alvorecer da Liberdade em Abril de 74, temos que prestar a nossa homenagem aos Maçons que nos antecederam, pela grande competência e extraordinária dedicação aos valores da Maçonaria e por manterem as colunas bem erguidas e irradiar com esplendor e brilho a Justiça, a Verdade, a Honra e o Progresso.

Obrigado, queridos Irmãos, bem hajam!

Autor: Júlio Verne

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Tolerância ?!...

A circunstância de o título acima estar acompanhado de um ponto de interrogação e de outro de exclamação, para além de elucidativas reticências, não significa qualquer artificialismo gráfico. Ao contrário, expressa o que me “vai na alma” – como costuma dizer-se – no momento em que traço esta prancha. Mais ainda: nem sequer pode pensar-se que o faço “a quente”, porque já se passaram bastantes dias sobre a data em que a notícia correu mundo. Refiro-me ao facto de as autoridades do Sudão – país cuja Lei Fundamental é o livro sagrado Corão – terem condenado à morte uma professora inglesa que autorizou uma criança de tenra idade a apodar de “Maomé” o ursinho de pelúcia que a acompanhava nas suas brincadeiras próprias da tenra idade.
Antes de entrar em mais considerandos, quero deixar bem clara, de forma inequívoca e insuspeita de quaisquer mal entendidos, que me coloco sempre numa posição equidistante face à querela religiosa que ensombra os nossos dias. Mas equidistância não significa indiferença, sobretudo quando estão em causa princípios e valores que jurei defender quando me foi concedida a Luz que ilumina a existência da Maçonaria e a vida dos Maçons.

Assim, quando foi conhecida a notícia, não desbobinei um chorrilho de impropérios contra os autores da condenação: optei por tentar colocar-me no lugar deles e perceber as razões que os conduziram a tal atitude.
Nesse sentido, perguntei-me se um cristão gostaria que alguém chamasse de “Jesus Cristo” a um urso de pelúcia, se um judeu acharia engraçado que se denominasse de “Jeová” um cãozito de brincar, se um budista escancararia um sorriso de orelha a orelha se soubesse que “Buda” era o nome colocado a um qualquer gatito de felpa. Sinceramente, acho que não. Mas sei, de ciência certa, que nenhum deles condenaria à morte o prevaricador.

Fui mais longe nesta análise. E pensei, de mim para comigo, que a tal inglesa estaria longe de ser tão evidentemente estúpida ou tão inutilmente suicida que deixasse passar em claro a afronta à divindade muçulmana, sabendo que isso a conduziria à morte. Fê-lo, portanto, com desconhecimento da gravidade que o acto assumia para as autoridades do país onde trabalhava. Prossegui, então, no meu raciocínio: é que o desconhecimento da lei não desculpa o prevaricador. Até aqui, os pratos pareciam equilibrar-se na balança dos prós e dos contras. O que os desequilibrou foi a desproporcionalidade do castigo. E todos nós sabemos que um dos princípios sagrados da justiça é a proporção que o castigo assume perante o crime, para que o conjunto da sociedade dele possa sentir-se ressarcida.

Confesso-me pouco versado em questões religiosas. Por isso, quando desconheço determinada matéria nesse domínio do conhecimento – o que ocorre com frequência – pergunto a quem sabe. Ora, neste caso específico fui compulsar o que as enciclopédias dizem sobre Maomé. E, neste domínio, são todas muito objectivas, muito politicamente correctas. Ainda bem que assim é, porque, ao contrário, não estariam a disseminar cultura e informação – também confesso que não percebo como é que pode haver cultura sem informação e informação sem cultura –, para entrarem nas fronteiras da manipulação.

Todavia, a Nova Enciclopédia Larousse escreve, a páginas 4.495, que Maomé – passo a citar – “instituiu o princípio da guerra santa (jihad), que obriga a combater todos os que não aderem ao Islão” – fim de citação. Continuei e, para fazer o exercício do contraditório, consultei todos os textos a que tive acesso – incluindo a vastíssima matéria que encontrei na internet – para tentar encontrar um desmentido sobre aquela afirmação. Não encontrei. Sou, por isso, e ao cabo de tantas buscas, levado a tecer duas conclusões. Primeiro: aqueles que apregoam o pacifismo da religião muçulmana fazem-no seguramente por boa-fé, mas por desconhecimento do que ela efectivamente envolve na sua essência mais profunda. Segundo: se não for assim, é porque os autores da Nova Enciclopédia Larousse são uma cáfila de imbecis manipuladores e ignorantes. Então, mais uma confissão: nenhuma das hipóteses apazigua o meu desconforto.
Como não há apaziguamento possível para o desconforto que sinto quando a ortodoxia do Vaticano, de forma autista, fria e inquisitorial, prega o sofrimento e a morte ao atirar para o vilipêndio de um pecado que deus algum pode ter tido até nas suas mais remotas cogitações a utilização de preservativos como forma de prevenir o terrível flagelo da sida.

Dir-se-á então, como é habitual e de forma inabalavelmente peremptória, que os deuses não têm culpa dos erros dos homens. Fraco consolo, este. Porque, pelos vistos, os homens existem de certeza. E matam. Mas mesmo que os deuses existam e não matem, afinal não conseguem fazer passar a sua mensagem. Será, provavelmente, um problema de comunicação…

Sou, por isso, incontornavelmente induzido a regressar – uma vez mais e sempre – aos princípios e aos valores da Ordem Maçónica Universal, designadamente àqueles que à tolerância dizem directa ou indirectamente respeito.

E aqui começa um conjunto interminável de interrogações, para as quais se poderá encontrar as mais diversas respostas, tamanhas são as variáveis deste entrecruzar de hipóteses. Passo a enunciar apenas algumas.


· Será que em nome da tolerância devemos tolerar práticas intolerantes que atentam contra a tolerância?
· Será que a tolerância tem limites?
· Se os tiver, em que circunstâncias é que eles terminam?
· É possível educar um intolerante no caminho da tolerância. Mas será possível educar-se centenas de milhões de intolerantes nesse caminho?
· Também é possível e desejável jamais esmorecer na senda da tolerância. Mas como fazer passar com eficácia essa mensagem? Não estaremos irremediavelmente remetidos para um diálogo de surdos?
· Quais são as alfaias com que a tolerância deve pregar a sua mensagem?
· Apenas o discurso? Não será como que pregar no deserto – aqui também no sentido literal do termo?
· Valerá a pena insistir nesta prática, cuja aridez gritante é evidenciada a cada passo pela sua ineficácia?
· Mas haverá alternativas a esta prática?
· As possíveis alternativas não serão, elas próprias, contrárias ao espírito da tolerância?

Este enunciado não mais teria fim. E prefiro não alimentar certezas quanto a estas questões. Até porque, se continuar com dúvidas, pelo menos não corro o risco de errar.
Por isso, continuarei impotentemente a assistir, pregando a tolerância, ao incremento de todas as intolerâncias – religiosas, políticas, desportivas, das quais as religiosas são seguramente as mais hediondas, porque em nome dos deuses têm sido cometidas algumas das mais repugnantes chacinas da história da humanidade.
Já agora, e para terminar, obrigado pela vossa tolerância!...

Autor: Álvaro

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Grande Ditador

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém extraviamos-nos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Os nossos conhecimentos fizeram-nos cépticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós.

Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo fora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há-de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos actos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homem é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos esse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás-me a ouvir? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos a sair das trevas para a luz! Vamos entrar num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Autor: Charles Chaplin, in" O Grande Ditador", Filme.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

À Minha Loja Mãe de Lahore

E havia Hundle, o chefe da estação;
Baseley, o das estradas e dos trabalhadores;
Black, o sargento da turma de conservação,
Que foi nosso Venerável por duas vezes.
E ainda o velho Frank Eduljee,
Proprietário da casa As Miudezas da Europa.
E então, ao chegar, dizíamos:
Sargento, Senhor, Salut, Salam...
todos eram "Meus Irmãos",
E não se fazia mal a ninguém,
Nós nos encontrávamos sobre o nível,
E nos despedíamos sob o esquadro.
Eu era o Segundo Experto dessa Loja.
Lá em baixo....

Havia ainda Bola Nath, o contador;
Saul, judeu de Aden;
Din Mohamed, da seção de cadastro;
O senhor Babu Chuckerbutty,
Amir Singh, o sique,
E Castro, o da oficina de reparos,
Um verdadeiro católico romano.
A decoração do nosso templo não era rica,
Ele era até um pouco velho e simples,
Mas nós conhecíamos os Deveres Antigos,
E os tínhamos de cor.
Quando eu me lembro deste tempo,
Percebo a inexistência dos chamados infiéis,
Salvo alguns de nós próprios.

Uma vez por mês, após os trabalhos
Reuníamo-nos para conversar e fumar
Pois não fazíamos ágapes,
Para não constranger os Irmãos de outras crenças.
E de coração aberto falávamos de religião,
Entre outras coisas, cada um referindo-se à sua.
Um após outro, os irmãos pediam a palavra,
E ninguém brigava até que a aurora nos separasse,
Ou quando os pássaros acordavam cantando.
E voltávamos para casa, a pé ou a cavalo,
Com Maomé, Deus, e Shiva,
Brincando estranhamente em nossos pensamentos.
Viajando a serviço,
Eu levava saudações fraternais
Às Lojas ao Oriente e ao Ocidente de Lahore,
Conforme fosse a Kohart ou a Singapura.
Mas sempre voltava para rever meus irmãos.
Os da minha Loja Mãe.
Lá de baixo...

Como gostaria de rever aqueles velhos irmãos,
Negros e morenos,
E sentir o perfume dos seus cigarros nativos,
Após a circulação do tronco,
E do malhete ter marcado o fim dos trabalhos,
Ah! Como eu desejaria voltar a ser um perfeito maçom,
Novamente, naquela Loja antiga.
Diria então Sargento, Senhor,Salut, Salam...
Pois seriam todos meus irmãos,
E ali não se faria mal a ninguém
E nos encontraríamos sobre o nível,
E nos despediríamos sob o esquadro,
Eu seria o Segundo Experto da minha Loja,
Ficaria lá em baixo.

Autor:Rudyard Kipling
(Tradução, em versos livres, de Antônio José Souto Loureiro, Grão-Mestre do Grande Oriente do Estado do Amazonas)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Vénus: a “Estrela D’ Alva”

O planeta Vénus é o terceiro corpo celeste mais brilhante dos nossos céus, pois apenas o Sol e a Lua o conseguem ultrapassar em termos de brilho aparente.
Há vários aspectos fascinantes neste nosso vizinho. Em primeiro lugar é o planeta mais semelhante ao nosso em termos de dimensões: enquanto a Terra tem um diâmetro de 12 756 km, Vénus tem 12 104. Mas se em dimensões e massa são quase gémeos, quando se fala na pressão atmosférica ou na temperatura à superfície, as diferenças são enormes. De facto a pressão atmosférica é cerca de 90 vezes superior à que se encontra no nosso planeta ao nível do mar. No que se refere à temperatura, em Vénus esta ronda os 500º C (Celsius), tanto no equador como nos pólos e tanto onde é de dia como onde é de noite. Na verdade estamos perante o planeta mais quente do Sistema Solar, apesar de nem sequer ser o que está mais próximo do Sol. Esta situação resulta de um enorme efeito de estufa.
Outro aspecto fascinante de Vénus tem a ver com o facto de alternar entre ser “estrela da tarde” ou “estrela da manhã”. Daí ter tido dois nomes durante muito tempo, pois se pensava serem astros diferentes. Como “estrela da tarde” foi conhecido como Vésper e popularmente era a “Estrela do Pastor”. Quando visível ao amanhecer, recebeu o nome de Lúcifer (o que traz a luz) ou Estrela d’ Alva.
Apesar de todo o brilho que vemos no planeta, a verdade é que da Terra nunca o conseguimos apreciar em todo o seu esplendor. Como se pode verificar com um pequeno telescópio ou mesmo com um vulgar binóculo, quando está mais perto de nós todo aquele brilho é produzido apenas por um pequeno crescente, pois a maior parte da superfície iluminada está voltada na direcção oposta à nossa, ou seja, está voltada para o astro-rei. Só quando está do outro lado em relação ao Sol, portanto muito mais longe, é que nos mostra uma maior superfície iluminada. A sua face iluminada apenas fica completamente voltada para nós quando o Sol está entre os dois planetas, o que, como é lógico, inviabiliza a sua observação.
Ao longo dos séculos Vénus tem chamado a atenção das diversas civilizações. Assim é bem conhecido o enorme interesse dos Maias pelo planeta, que consideravam determinadas fases do seu ciclo como especialmente nefastas.
Outro povo que também se terá interessado pelo astro foi o mesmo que terá construído monumentos notáveis como Stonehenge ou Newgrange. Para este povo, conhecido como “povo das estrias gravadas” (devido à forma como tipicamente decoravam as suas peças de cerâmica), a época em que Vénus surge como estrela da manhã estaria relacionada com rituais de renascimento.
Conforme se pode constatar pelos trabalhos de C. Knight e R. Lomas, nomeadamente no livro «Uriel’s Machine» (A Máquina de Uriel), estes investigadores estudaram cuidadosamente o notável monumento de Newgrange e concluíram que a construção do mesmo tinha pormenores que dificilmente poderiam ser obra do acaso. Assim, há uma fenda sobre a abertura da parede oriental que permite que a luz de Vénus incida periodicamente numa das câmaras situadas no centro do edifício. Estas câmaras parecem ser a parte mais importante de toda a construção e as suas paredes foram revestidas de quartzo, o que proporciona um efeito notável. Quando a luz do planeta penetra pela referida fenda, incide nos cristais de quartzo e produz uma intensa luminosidade, quase irreal.
O fenómeno dura apenas alguns minutos, pois o movimento aparente da esfera celeste e as dimensões da abertura levam a que o alinhamento seja de curta duração. Por outro lado, esse fenómeno só ocorre uma vez em cada 8 anos, precisamente na data em que o planeta vizinho alcança o seu máximo brilho aparente. Note-se que para a luz de Vénus provir de oriente e sem ser ofuscada pela do Sol, então é porque é estrela da manhã, ou seja, surge a oriente antes do nascer do sol.
Com base nestas informações, os autores elaboraram uma teoria segundo a qual no interior de Newgrange e noutros monumentos idênticos, haveria rituais de renascimento.
Segundo eles, quando alguém com elevado estatuto social, como um rei ou um alto sacerdote morria, o seu corpo seria conduzido ao interior da gruta artificial e colocado numa das câmaras centrais. Ao aproximar-se a data do fenómeno astronómico, seria levada ao interior dessa mesma gruta uma mulher da sua família cuja gravidez estivesse no final, de modo a que a criança nascesse em data o mais próxima possível daquela em que a luz recebida de Vénus incidisse no interior da câmara. Convirá acrescentar que havia rituais de fertilidade nove meses antes da data do alinhamento de Vénus com a abertura do edifício.
Graças à luz da “estrela da manhã” ocorreria a transferência do espírito do falecido para o recém-nascido, o que daria a este um estatuto idêntico ao do primeiro. O indivíduo em causa seria assim considerado como imortal.

Ainda segundo os mesmos autores, estes rituais poderão estar na génese do ritual em que o Companheiro recebe o grau de Mestre Maçon.

Autor: Carl Sagan

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A ONU - 62 anos ao serviço da Humanidade

No passado dia 24 de Outubro, a Organização das Nações Unidas (ONU) completou 62 anos. De facto, a sua fundação oficial ocorreu na cidade de São Francisco, na Califórnia, nesse mesmo dia do ano de 1945, ou seja, pouco depois do final da Segunda Guerra Mundial. De início apenas integrava 51 países, número que veio a aumentar consideravelmente não só pela adesão de outras nações, mas em especial devido à independência entretanto ocorrida de muitos novos estados, nomeadamente em África e na Ásia. Portugal foi admitido na organização em 14 de Dezembro de 1955.
Apesar de a fundação ter sido na Califórnia, a primeira Assembleia Geral da ONU realizou-se em Londres, na Westminster Central Hall. Actualmente a sede da organização é em Nova Iorque.
Logo após a Primeira Guerra Mundial, mais exactamente em 1919, de acordo com o Tratado de Versalhes, tinha já sido criada uma organização semelhante, que foi designada como «Sociedade das Nações» e tinha como objectivos "promover a cooperação internacional e conseguir a paz e a segurança". A «Sociedade das Nações» revelou-se pouco eficaz, nomeadamente devido à subida ao poder de governos de grande pendor nacionalista em diversos países e que aliás estiveram na génese da Segunda Grande Guerra Mundial. A «Sociedade de Nações» foi dissolvida oficialmente aquando da criação da ONU.
O nome “Nações Unidas” já tinha sido usado durante a II Grande Guerra para designar os países aliados contra a Alemanha, Itália e Japão, tendo depois sido adoptado como nome da organização de âmbito mundial que surgiu do acordo entre os vencedores.
Destes 62 anos de actividade da ONU, merece especial destaque a proclamação, em 1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento notável pelo seu alcance na defesa dos direitos básicos dos seres humanos.
As duas estruturas mais conhecidas da ONU são a Assembleia Geral, na qual todos os países que a integram estão representados e o Conselho de Segurança. Este Conselho é formado por um grupo restrito de países, dos quais alguns se vão sucedendo de forma rotativa enquanto outros são membros permanentes e têm direito de veto (República Popular da China, França, Federação Russa, Reino Unido e Estados Unidos da América)

Objectivos e Princípios da ONU Logo no artigo 1º da sua “Carta” ficam bem definidos os objectivos primordiais das Nações Unidas: a manutenção da paz internacional; a defesa dos direitos humanos; o estabelecimento de relações amistosas entre as nações, com base no princípio de autodeterminação dos povos; a cooperação dos países na resolução de problemas internacionais de ordem económica, social, cultural e humanitária; e constituir-se em centro de convergência das acções dos estados na luta pelos objectivos comuns.
Nos artigos seguintes são expressos os princípios básicos que devem reger a acção das Nações Unidas. Em primeiro lugar, as disputas devem ser solucionadas por meios pacíficos, através de conversações entre as partes, eventualmente com a mediação da própria ONU. No caso de desrespeito pelas decisões da organização, são privilegiadas acções não violentas, como é o caso das sanções económicas ou políticas e só em último caso mediante o uso de uma força colectiva (os chamados “capacetes azuis”. Em troca, cada membro compromete-se a não fazer uso da força nem a utilizar a ameaça da força contra os objectivos das Nações Unidas.
Cada um dos membros é obrigado a prestar ajuda à organização em qualquer iniciativa prevista pela Carta. Os estados não pertencentes à organização são chamados a agir de acordo com os mesmos princípios, quando isso for necessário para a manutenção da paz e da segurança.
Em síntese os principais objectivos das Nações Unidas são:
- Manter a paz mundial
- Proteger os Direitos Humanos
- Promover o desenvolvimento económico e social das nações
- Estimular a autonomia dos povos dependentes
- Reforçar os laços entre todos os estados soberanos

Desde o seu início, a ONU procurou conciliar os interesses particulares de cada estado, e criar uma ordem mundial baseada no acordo e na cooperação. Apesar de nem sempre ter conseguido levar a cabo os seus objectivos pacificadores e humanitários, a verdade é que a organização tem contribuído para amenizar a desigual distribuição do poder e da riqueza entre os países, assim como tem procurado manter a paz e a segurança internacionais, tem defendido o direito à autodeterminação dos povos e incentivado a cooperação internacional na resolução de problemas económicos, sociais, culturais e humanitários.
Apesar do sentido democrático e universalista que orienta seus objectivos e princípios, o poder de veto atribuído aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança impediu muitas vezes uma acção eficaz nos conflitos bélicos ocorridos depois da II Grande Guerra.
A evolução histórica das Nações Unidas foi determinada durante quase meio século pela "guerra fria" e pela rivalidade entre os dois grandes blocos então existentes: o capitalista e o socialista. Essa situação perdurou até à dissolução da União Soviética, no início da década de 1990.
A organização nunca se propôs constituir algo como um governo mundial, tendo antes procurado criar um sistema de segurança colectiva, fundamentado na cooperação voluntária de seus membros, ou seja, cada um dos estados-membros continuou a manter-se plenamente soberano, sem que a organização, como tal, tivesse competência nos assuntos pertencentes à jurisdição interna dos estados.

Organismos AutónomosAs Nações Unidas dispõem também de organismos autónomos para áreas específicas.
Assim, para os aspectos culturais foi criada a UNESCO, para as questões económicas existem o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), a UNCTAD (Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento) e ainda a Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO). Para os aspectos sociais, a ONU criou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Ao lermos não só a “Carta” das Nações Unidas, mas em especial a "Declaração Universal dos Direitos Humanos", não podemos deixar de notar a notável similitude entre os objectivos da ONU e os propósitos da Maçonaria. Destaco em primeiro lugar a defesa dos direitos fundamentais de todos os seres humanos. Mas também são evidentes as preocupações na busca da Paz, da Justiça e da Tolerância que ambas as organizações consideram essenciais. Da mesma forma, o combate à fome, às doenças e a ajuda em caso de calamidade defendidos pela ONU, são aspectos que, como maçons, não podemos deixar de registar com grande satisfação. Claro que como todas as obras humanas, há decerto aspectos no funcionamento das Nações Unidas que podem e devem ser melhorados para que os objectivos mais ambiciosos possam ser alcançados.

Autor: Carl Sagan

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Criança

Quis nascer um dia novamente, esquecer o passado e ser criança na sua plenitude.
Nasci como quis, com as virtudes e pureza da criança mas com a sabedoria e o conhecimento para moldar o meu eu, sendo contido nos meus actos e sabendo guardar segredo sempre que saio de casa e quando estou em casa.
Sim pensar com arte, dentro da arte de pensar.
Haverá alguém que se compare a uma criança no seu estado de pureza, despida de preconceitos, de vaidades, que busca a verdade e partilha o seu conhecimento sem limites, bem como a cumplicidade com quem se identifica, sempre com o sentido da responsabilidade?
Certamente, que sim.
Como toda a criança aprendi a ganhar firmeza nos meus passos, viver o presente, com o olhar no futuro, resguardando-me dos estranhos, embora os trate com respeito.
Sou uma criança que ignoro a vaidade e a arrogância mas defendo a verdade, o saber e a justiça.
Quero crescer e ser forte para ajudar os Homens a encontrarem a criança que existe dentro deles.
Como toda a criança ainda que me aliciem guardarei sempre o segredo que me foi confiado, pois, saberei sempre estar no meio sem me imiscuir com o meio, como aprendi no exercício da arte de pensar, enquanto corria livremente pelos campos e prados, tentando tocar a linha do horizonte, sem nunca desistir.
Bem Haja

Autor: Salomão

sábado, 13 de outubro de 2007

Choremos, choremos, choremos

Faleceu o Dr. Fausto Correia

Foi com profundo pesar que soubemos do falecimento do Dr. Fausto Correia no dia 09 de Outubro aos 55 anos de idade.

Fausto de Sousa Correia, nascido em Coimbra a 29 de Outubro de 1951, casado, três filhos. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, Advogado e consultor de empresas, Jornalista do "República", co-fundador de "A Luta" e chefe da Delegação Regional Centro da ANOP – Agência Noticiosa Portuguesa. Regeu a cadeira de "Iniciação ao Jornalismo" no Liceu D. Duarte, em Coimbra. Durante quase nove anos, de 1983 a 1992, fez parte dos sucessivos Conselhos de Administração da RDP – Radiodifusão Portuguesa. Desde Abril de 1992 e até Outubro de 1995, foi Vice-Presidente da Direcção-Geral da Agência LUSA de Informação. Deputado à Assembleia da República, eleito pelo Círculo de Coimbra, nas IV, VII, VIII e IX Legislaturas. De Outubro de 1995 e até Outubro de 1999, exerceu as funções de Secretário de Estado da Administração Pública do XIII Governo Constitucional. Entre Outubro de 1999 e Abril de 2002 foi, sucessivamente, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Secretário de Estado Adjunto do Ministro de Estado e Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Minisstro. Foi ainda Vogal da Junta Distrital de Coimbra, Vice-Governador Civil de Coimbra, Presidente-Substituto e Vereador da Câmara Municipal de Coimbra, Secretário do Conselho Fiscal da Associação Atlântica dos Jovens Dirigentes Políticos, Deputado à Assembleia Municipal de Coimbra e membro da Direcção do Instituto de Imprensa Democrática (IID) e deputado à Assembleia Municipal de Miranda do Corvo.

Fundador e presidente da Direcção do FORUM CONIMBRIGAE, foi dirigente da Associação Académica de Coimbra, co-fundador do Clube Académico de Coimbra e vice-presidente da Assembleia Geral da Académica/Organismo Autónomo de Futebol; membro do Conselho Nacional de Solidariedade Afro-Lusitana. Foi presidente da Direcção da Associação Académica de Coimbra/Organismo Autónomo de Futebol até Outubro de 1995. Foi Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Coimbra durante vários mandatos e era Presidente da Assembleia Geral do Olivais Futebol Clube.
Sócio honorário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Coimbra e da Secção de Andebol da Associação Académica de Coimbra, bem como militante honorário da Juventude Socialista. Homenageado em 2002 pela Casa da Académica em Lisboa.

Publicou Praça da República I (1997), Praça da República II (1998) e Praça da República III (1999). Melhor Administração, Mais Cidadania (1999), em co-autoria com o Dr. Jorge Coelho, então Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro.

Deputado Europeu desde Julho de 2004. Membro efectivo da Comissão Parlamentar das Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos e suplente da Comissão Parlamentar dos Transportes e Turismo.Ainda membro efectivo da Delegação EU – Comunidade Andina e membro suplente da Delegação para as Relações com o Mercosul e da Delegação à Assembleia Parlamentar Euro-Latina-Americana (EUROLAT).

Morreu ao 55 anos deixando-nos um forte legado de princípios baseados na moral, na ética, na generosidade e na fraternidade, e deve ser recordado como um grande impulsionador da modernidade administrativa do Estado Português com a implementação das Lojas do Cidadão.

Como disseram, António Arnaut “ as pessoas valem pelo que fazem, mas valem sobretudo pela herança moral que deixam e a sua capacidade de se relacionar com todos, independentemente da sua sensibilidade política ou social” e António Reis, Grão Mestre do GOL que o descreveu como “um grande cidadão europeu e um homem de fraternidade, tolerante e justo”.

O Grémio Estrela D’Alva, apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos do Dr. Fausto Correia e o abraço fraterno aos irmãos do Grande Oriente Lusitano, em especial aos irmãos da Respeitável Loja à qual aquele irmão pertencia.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A morte de Julieta Gandra não foi notícia

Não foi notícia, na comunicação social portuguesas a morte de Julieta Gandra, a médica portuguesa incriminada pela PIDE em 1959 e condenada no primeiro julgamento político do nacionalismo angolano moderno, o chamado "processo dos cinquenta" onde a par de muitas militantes angolanos figuravam alguns portugueses como António Veloso, Calazans Duarte e Julieta Gandra, que foram deportados para cadeias em Portugal, tendo os angolanos sido deportados para Cabo Verde, onde ficaram internados no campo de concentração do Tarrafal que assim reabria as suas portas em 1960, agora para outros presos políticos, os angolanos.

O falecimento de Julieta Gandra não foi notícia para jornais, rádios ou televisões de Portugal. Apenas a SIC passou em rodapé uma breve informação. Outras pessoas, alguma de bem menor envergadura que J.Gandra preencheram o obituário da comunicação social portuguesa.

Nos anos 50 do século XX, Julieta Gandra, ginecologista (especialidade raríssima na Luanda de então) atendia no seu consultório da Baixa as clientes da sociedade colonial, tirando daí os seus proventos, e, nos musseques, atendia em modesto consultório, a preço simbólico, as mulheres desses bairros suburbanos. Simultaneamente participava em actividades do Cine-Clube e da Sociedade Cultural de Angola realizando também actividade política em organização clandestina do nacionalismo angolano. Por isso foi presa pela polícia do regime salazarista, condenada a pesada pena de prisão, internada em cadeias de Portugal. Quer nos interrogatórios da PIDE, quer nas cadeias, portou-se com uma dignidade exemplar. Em 1964 foi considerada a presa do ano pela Amnistia Internacional

Esta breve resenha da vida cívica de Julieta Gandra cabia em qualquer jornal ou bloco informativo de rádio ou televisão mas os profissionais da comunicação social, sem brio nem remorsos, omitem uma curta e última referência a esta médica portuguesa que foi marco na luta pela liberdade da Mulher e dos Povos.

Autor: A. M. (publicado como um grito de revolta e homenagem)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Aquilino e a Liberdade

Aquilino Ribeiro repousa finalmente no Panteão Nacional. Homenagem merecida, não deixou, apesar disso, de ostentar imerecida frieza: foi tudo muito “técnico”, muito “tecnocrático”, tendo sido esquecida a vertente social e de intervenção daquele foi o “escritor maldito” por parte do antigo regime, ou não tivesse sido a sua obra subtilmente subtraída ao estudo dos alunos nas escolas e nos liceus de então.

Soube a pouco. Faltou a componente que mais inspirou a obra de Aquilino: o povo. Faltou calor humano. Quase pareceu uma homenagem envergonhada. Parece que, de alguma forma, ainda está insidiosamente instalada na sociedade portuguesa um clima de medo. Parece que se teme beliscar as forças ocultas do obscurantismo, infelizmente ainda instaladas entre nós mas que Aquilino combateu com denodo, em prejuízo flagrante do seu próprio bem-estar, tendo preferido os exílios e o degredo a pactuar com essas mesmas forças.

Cabe-nos a nós, Maçons, homens livres e de bons costumes, depositar simbolicamente sobre o mausoléu de Aquilino a bandeira da liberdade pela qual nos batemos. E, ao cumprir esse desiderato, não estamos a fazer mais do que colocar-nos em sintonia com um homem que também se tornou conhecido por uma frase que tem tudo a ver com os princípios que regem a nossa Ordem Universal: “Para chegar a bom termo da viagem é preciso ser livres.”

Aquilino foi o primeiro presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores. E mais uma vez, na cerimónia de homenagem aos cinquenta anos da sua obra, recomendou a adopção de uma atitude que também ela se adequa na perfeição aos procedimentos maçónicos: “Cultivar a inquietação como uma fonte de renovamento.”

Com efeito, a partir do momento da iniciação, é inevitável que o Maçon verdadeiramente vocacionado para o apostolado do Conhecimento não se sinta quase permanentemente inquieto por se municiar das alavancas que o conduzem simultaneamente mais alto e mais fundo nas sendas intermináveis desse mesmo Conhecimento.

E, por outro lado, como disse Aquilino, é essa inquietação, é esse Conhecimento que conduz os homens livres e de bons costumes para a permanente renovação, no sentido do melhoramento, de si próprio e da sociedade em que se insere.
Mas as coincidências não se quedam por aqui. Permaneçamos nesse episódio de elevado significado que foi a referida cerimónia de homenagem por ocasião da passagem do cinquentenário da produção literária de Aquilino. Na circunstância, a Sociedade Portuguesa de Escritores nomeou uma Comissão de Iniciativa para organizar o evento, de que sobressaiu, pelo seu empenhamento, entre outros insignes representantes das letras portuguesas, nem mais nem menos do que o nosso past-Grão-Mestre, o Sapientíssimo Irmão Raul Rêgo, mais tarde director do jornal “República”, que teve em Aquilino um dos principais colaboradores.
Mas eis-nos então chegados à parte mais significativa desta prancha. Referindo-se ao primeiro exílio de Aquilino, dele escreveu Jorge Reis as seguintes palavras, no mínimo intrigantes: “Turista sem cheta na bagagem, transportava, porém, um alforge de promessas de “irmãos” e “primos” que lhe haviam jurado, com os pés em esquadria, que nunca o deixariam comer o pão amargo do exílio. (…) Bastar-lhe-ia procurar a seu patrão da “Vanguarda” (jornal que se publicava em Paris e que afrontava o regime de D. Carlos), esse Hiram da Fraternidade Portuguesa, o qual, embora não tivesse levantado templo veramente lusitano no oriente parisino, mantinha loja aberta num restaurante dos Grands Boulevards reputado pelos ágapes que servia a uma iniciada clientela ciosa da verdade e famélica de luz”.

Face a este texto, confesso que não ouso fazer quaisquer tipos de afirmações. Mas não posso deixar de colocar algumas interrogações, elas também inquietantes como recomendava Aquilino:
1. Quem eram os “irmãos” que haviam jurado com os pés em esquadria?
2. Quem utiliza a designação específica de “irmãos” para designar os laços que unem os membros de uma colectividade?
3. Quem utiliza a posição de colocação dos pés em esquadria para fazer os juramentos?
4. Porquê a referência a um tal Hiram como aquele que liderava o agrupamento de homens de que Aquilino fazia parte em Paris?
5. Qual a razão da expressão “Hiram da Fraternidade Portuguesa”?
6. Qual a razão da expressão “não tivesse levantado templo”?
7. Quem são tidos, habitualmente, como construtores de templos, para mais sob a orientação desse tal “Hiram da Fraternidade Portuguesa”?
8. Qual a razão da expressão “oriente parisino”?
9. Quem costuma designar o Oriente como o local de implantação dos templos numa determinada cidade ou região?
10. Qual o significado da expressão “manter loja aberta”?
11. De quem se diz que “trabalha em Loja”?
12. Porquê a utilização da palavra “ágapes”?
13. Qual a organização que diz, na mais pura da sua ritualística, que os trabalhos prosseguem e terminam com um ágape fraternal?
14. Porquê a utilização do adjectivo “iniciada” para qualificar a clientela?
15. Qual é habitualmente conhecida a “iniciada clientela ciosa da verdade”?
16. Qual é habitualmente conhecida a “iniciada clientela famélica de luz”?

As interrogações que acabo de formular não revestem qualquer atitude especulativa. Elas são baseadas em factos concretos, vividos e testemunhados. Não passam de interrogações. Quem tiver conhecimento e atrevimento bastante, que as aprofunde se com elas se tiver sentido aquilinamente inquietado.

Apenas um pormenor mais, que, provavelmente, não passará de mera coincidência, à semelhança das questões que acabo de abordar. O último dos companheiros de Aquilino foi Mestre Zé, imortalizado nas obras do escritor, que lhe atribuiu qualidades de força e vigor para enfrentar as autoridades repressivas do regime de então e que o qualificou de responsável e solidário perante os interesses da comunidade. Pois. Tudo isto talvez com significado irrelevante, não tivesse sido Mestre Zé um hábil pedreiro, ou melhor, um conhecedor artesão da pedra.

Por último, apenas peço que me seja permitido terminar com um texto provocatório. Ele aí vai.

Eu vos juro, meus Irmãos, com os pés em esquadria, que continuo a perseguir a sabedoria de Hiram no seio desta Fraternidade Portuguesa, a qual levantou este templo veramente lusitano no Oriente lisboeta, mantendo Loja aberta a uma iniciada clientela ciosa da Verdade e famélica de Luz.

Autor: Álvaro

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A procura da palavra - II

Muitos de vós questionam o que é um Maçon? Nós, maçons também nos interrogamos constantemente e procuramos a palavra, a verdade, por isso, hoje vamos apresentar a nossa visão e tentar responder a essa vossa/nossa interrogação, baseados em alguns textos antigos, mas que mantém toda a actualidade.

Quando é que se é Maçon?

Quando puder olhar por sobre os rios, os morros e o distante horizonte com um profundo sentimento da sua própria pequenez no vasto panorama das coisas que o rodeiam e, assim mesmo, ainda conservar a fé, a coragem e a esperança – que são as raízes de toda a virtude.
Quando sabe que no fundo do seu coração, todo o homem é tão nobre, tão vil, tão divino, tão diabólico, e tão solitário como ele mesmo e procura conhecer, perdoar e amar seu semelhante.
Quando sabe simpatizar com os homens em suas tristezas, sim, mesmo em seus pecados, sabendo que cada homem luta duramente contra muitos óbices no seu caminho.
Quando aprendeu como fazer amigos e conservá-los, e, sobretudo, como conservar-se seu próprio amigo.
Quando nenhuma voz de desespero atinge os seus ouvidos em vão e nenhuma mão procura sua ajuda sem obter resposta.
Quando achar um bem em toda a fé que ajuda qualquer homem a ver as coisas divinas e a perceber as significações majestosas da vida, qualquer que seja o nome dessa crença.
Quando conservar a fé em si mesmo, nos seus companheiros, e em sua mão uma espada contra o mal, em seu coração um pouco de canção.
Quando satisfeito por viver mas não temendo de morrer.

Tal homem encontrou o único segredo da Maçonaria, aquele que Ela procura transmitir ao mundo inteiro.

Autor: Júlio Verne

terça-feira, 11 de setembro de 2007

A procura da palavra - I

Muitos de vós questionam o que é a Maçonaria? Nós, maçons também nos interrogamos constantemente e procuramos a palavra, a verdade, por isso, hoje vamos apresentar a nossa visão e tentar responder a essa vossa/nossa interrogação, baseados em alguns textos antigos, mas que mantém toda a actualidade.


O que é a Maçonaria?

É uma instituição humanitária e sublime que exalta tudo o que une e repudia tudo aquilo que divide, que aspira a fazer da Humanidade uma grande Família de Irmãos.
É uma instituição de paz e amor, aberta às mais nobres aspirações, onde se realiza a união necessária, a fecunda de coração e espírito, onde se adquire o equilíbrio interior, onde os caracteres se afirmam e se consolidam.
É uma instituição em que a Fraternidade é uma influência ou guia espiritual para a concepção mais nobre e mais elevada da vida, que não é contra ninguém, porque é uma força indestrutível, nobre, generosa, porque é a luz da razão.
É uma instituição que prepara o terreno onde florescerão a Justiça e a Paz, a sua única arma é a espada da inteligência. Sabe que o único modo de produzir, mesmo socialmente, uma mudança profunda e durável de um meio, é de modificar a sua mentalidade.

Um instituição que ensina o valor eterno dos princípios de cultura humana e individual, independente dos lugares e épocas, proporciona aos indivíduos e aos seus grupos, a noção clara e certa da Solidariedade, do Amor, do Direito, da Justiça e da Liberdade.

Autor: Júlio Verne