
Ainda a propósito da questão do segredo, se a Maçonaria é uma organização secreta, se deve revelar o que se passa nas suas reuniões, para aquelas pessoas que pensam e imaginam o quanto tenebroso é a Maçonaria, que devia ser tudo publicado, revelado e até público, recordo o artigo de Fernando Pessoa no Diário de Lisboa, de 4 de Fevereiro de 1935, sobre o projecto da Assembleia Nacional que visava a ilegalização das “associações secretas”, onde com inteligência e conhecimento profundo das Ordens Iniciáticas, respondia ao Sr. José Cabral, autor do referido projecto: “ Dada a latitude desta definição, e considerando que por “associação” se entende um agrupamento mais ou menos permanente de homens, ligados por um fim comum, e que por “secreto” se entende o que, pelo menos parcialmente, se não faz à vista do público, ou, feito, se não torna inteiramente público, posso, desde já, denunciar ao sr. José Cabral uma associação secreta – o Conselho de Ministros. De resto, tudo quanto de sério ou de importante se faz em reunião neste mundo, faz-se secretamente. Se não reúnem em público os conselhos de ministros, também o não fazem as direcções dos partidos políticos, as tenebrosas figuras que orientam os clubes desportivos, ou os que formam os conselhos de administração das companhias comercias e industriais”.
Portanto será da melhor geometria estar sempre a lembrar aos nossos Irmãos os juramentos e compromissos assumidos quanto ao sigilo. Não dizer, não falar, não escrever, não revelar, convém ser lembrado com frequência, mesmo que nada tenha ainda acontecido a este respeito com a nossa Loja, assim como não devemos perder de vista o que ensina a sabedoria popular: “quem vê as barbas do vizinho a arder põe as suas de molho”.
Autor: Júlio Verne
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