A Maçonaria tem por princípios a tolerância mútua, o respeito dos outros e de si mesmo, a liberdade absoluta de consciência e recusa toda a afirmação dogmática. Combate a tirania, a ignorância e neste contexto, tudo o que aqui se diz e apresenta, procura ilustrar publicamente os princípios do livre pensamento e do respeito universal pelos direitos de cada indivíduo colectiva e individualmente, sendo todas as opiniões recebidas com agrado e respeitadas por igual.
terça-feira, 28 de maio de 2019
A Estrela Flamejante
terça-feira, 21 de maio de 2019
Morrer e matar em nome da Religião
A religião enquadra-se num conjunto de valores culturais e de crenças, onde estão incluídas narrativas, tradições e símbolos sagrados, que se destinam a dar sentido à vida e assim explicar a sua origem e a do universo. Regida por um conjunto de valores morais e éticos “leis religiosas” tendo as suas próprias ideias ou dogmas sobre a natureza humana e de Deus, assumindo diferentes formas nas mais variadas culturas, algumas afirmam-se como unicamente válidas e obrigatórias, sendo que em muitos lugares estão associadas aos governos impondo as suas leis na saúde, na educação e no seio familiar, deixando assim de ser um fenómeno individual passando para o colectivo e social.
A maçonaria tem na sua essência, a união consciente de homens e mulheres livres, iguais, de bons costumes, ligados ao deveres da fraternidade trabalhando no objectivo de esclarecer os Homens para o progresso pacifico da humanidade, onde aprendemos a combater a ignorância e o fanatismo causa de toda a perversão. Temos a exemplo, nada longe no tempo, na Europa do Séc. XVIII, época em que se vivia profundos e dramáticos conflitos religiosos, nessa época conturbada a Maçonaria Especulativa nasce e cria raízes, abrindo um espaço de tolerância religiosa e politica entre si e em relação aos outros, onde a questão religiosa é ultrapassada pela designação do Grande Arquitecto do Universo, sem definição objectiva, para que cada um reveja nele ou a partir dele o fundamento das suas convicções religiosas e o possa aceitar como seu.
Baseley, o das estradas e dos trabalhadores;
Black, o sargento da turma de conservação,
Que foi nosso Venerável por duas vezes.
E ainda o velho Frank Eduljee,
E não se fazia mal a ninguém,
Nós nos encontrávamos sobre o nível,
E nos despedíamos sob o esquadro.
Eu era o Segundo Experto dessa Loja.
Lá em baixo....
Havia ainda Bola Nath, o contador;
Saul, judeu de Aden;
Din Mohamed, da seção de cadastro;
O senhor Babu Chuckerbutty,
Amir Singh, o sique,
E os tínhamos de cor.
Quando eu me lembro deste tempo,
Para não constranger os Irmãos de outras crenças.
E voltávamos para casa, a pé ou a cavalo,
Conforme fosse a Kohart ou a Singapura.
Mas sempre voltava para rever meus irmãos.
Após a circulação do tronco,
E do malhete ter marcado o fim dos trabalhos,
E ali não se faria mal a ninguém
E nos encontraríamos sobre o nível,
E nos despediríamos sob o esquadro,
terça-feira, 14 de maio de 2019
A Simbologia das Velas em Loja
A vela apresenta um simbolismo ternário, que para os escritores religiosos representa a Santíssima Trindade: Pai, a cera, o corpo da vela, Filho, o pavio, e Espírito Santo, a chama. Mas ela representa também o ternário Corpo, Alma e Espírito e é a imagem da sublimação espiritual.
A vela é também utilizada em cerimónias de iniciação. Todo o iniciado recebe a Luz. Este tipo de iniciação está muito bem simbolizado no Novo Testamento quando os apóstolos receberam a Luz do Espírito Santo sob a forma de línguas de fogo descendo dos céus, ou quando um neófito é baptizado. Portanto, o Iniciado recebe uma Luz vinda do alto, do poder de Deus, vinda do fogo infinito, da imortalidade simbolizada no acto iniciatório pela chama da vela.
A chama simboliza a sabedoria dos iluminados. Os três altares dos Poderes que governam as Lojas Maçónicas têm nas velas o símbolo da sua sabedoria, da sua iluminação, como era um símbolo de iluminação a chama que veio dos céus trazer o Espírito Santo, a iluminação, para os Apóstolos.
As velas são ainda, com suas chamas, o símbolo da transformação a que se deve submeter permanentemente o maçon na sua busca incansável pelo aperfeiçoamento pessoal. O fogo não é uma matéria como o criam os antigos sábios, ele é um processo de transformação como a Maçonaria também é um processo, uma luta contra a incompreensão, o preconceito e a injustiça, a imoralidade.
O acendimento das velas obedece a alguns princípios que seguem as antigas tradições. O fogo sagrado deverá vir sempre do Oriente, pois toda sabedoria vem do Oriente. As velas não podem ser acesas através de isqueiros, fósforos, ou qualquer outro meio que produza fumo ou cheiro. Da mesma forma não podem ser apagadas com o “hálito”, que é considerado impuro, ou com a mão. A Maçonaria foi buscar esta tradição à Pérsia, onde o culto do fogo era tão sagrado que jamais empregavam o “hálito”, ou sopro para apagar uma chama. Nada existia de tão precioso nem tão sagrado entre os persas como o fogo, que eles guardavam com muito cuidado, porque nada existia que representasse tão bem a divindade como o fogo, motivo porque eles nunca apagavam uma vela com o sopro, nem o fogo com água, procurando antes abafá-lo com terra.
A cerimónia do acendimento das velas dos três pilares colocadas a Sueste, Noroeste e Sudoeste, recorda três atributos do Grande Arquitecto do Universo - Sabedoria, Força e Beleza, recordados durante a preparação da abertura da Loja para o início dos trabalhos de construção do Templo e ritualizados através das falas "Que a Sabedoria presida à construção do nosso edifício, Que a Força o complete e que a Beleza o decore".
Autor: António Egas Moniz
terça-feira, 30 de abril de 2019
Significado do nome simbólico - António Egas Moniz
De facto, Egas Moniz foi um homem de quem eu sempre ouvi falar em minha casa desde tenra idade, pois a minha avó e o meu avô padrasto tinham trabalhado em casa dele durante largos anos, ela como cozinheira e ele como motorista, tanto em Avanca como em Lisboa. Em casa da minha avó havia várias fotografias dele e as histórias sobre a sua maneira de ser, humilde, afável e humana sucediam-se. Tenho inclusive a felicidade de ter herdado dela um exemplar do terceiro livro que publicou: “A Nossa Casa”, assinado e com dedicatória ao meu avô.
Quem foi Egas Moniz?
Nascido
António Caetano de Abreu Freire de Resende, foram-lhe acrescentados os nomes
Egas Moniz por seu tio, abade de Pardilhó que, a partir de análises suas chegou
à conclusão que a sua família descendia daquele famoso aio de D. Afonso
Henriques, mencionado por Camões no Canto III dos Lusíadas.
Reza
a história que, após a vitória de D. Afonso Henriques sobre sua mãe na batalha
de S. Mamede, Afonso VII, que se intitulava imperador de toda a Hispânia e
também do Condado Portucalense, cercou Guimarães para obter de D. Afonso
Henriques, de quem era primo, um juramento de vassalagem. Egas Moniz dirigiu-se
a Afonso VII comunicando-lhe que o primo aceitava a submissão, mas isso não
veio a acontecer, pelo que, ao saber do sucedido, Egas Moniz apresentou-se com
a sua família em Toledo, descalço e com uma corda de enforcado ao pescoço,
oferecendo ao imperador a sua vida como penhor da promessa feita 9 anos antes.
Regressemos a António Egas Moniz. Político, médico, professor de neurologia,
cientista e ensaísta, foi também o primeiro português, e durante largos anos o
único, que logrou ser agraciado com o mais famoso e prestigiante de todos os
prémios: o Prémio Nobel, atribuído pelas suas descobertas no âmbito da
medicina, mais particularmente da Neurologia. Nascido
em 1874 em Avanca, próximo de Estarreja, era, segundo o próprio afirmava,
ferozmente anti-liberal e intolerante face a qualquer esboço de inovação, tendo
despertado para a política apenas nos seus tempos de estudante na Universidade
de Coimbra, vindo a tornar-se membro do Partido Progressista e deputado em
1901.
Ao
ser eleito deputado inicia uma vida ativa na política que se irá prolongar até
ao início dos anos 1920, tendo a certa altura abandonado as fileiras do Partido
Progressista para se colocar ao lado dos republicanos. Após a implantação da
República será Deputado à Assembleia Constituinte, mas afastar-se-á em 1912 em
desacordo com a ala radical do Partido Republicano, voltando depois em 1916 e ligando-se
aos unionistas de Bernardino Machado que vieram a fundar o Partido Centrista
Republicano. Com
Sidónio Pais no poder aceita os cargos de Embaixador de Portugal em Madrid e
Ministro dos Negócios Estrangeiros. Com o assassinato de Sidónio Pais será
destituído dos seus cargos, dedicando-se progressivamente à clínica, ao ensino
e à investigação científica. Virá a ser nomeado quatro vezes para o Prémio
Nobel, em 1928, 1933, 1937 e 1944, mas sem êxito. Conquistará por fim a glória
em 1949, quando finalmente o Prémio lhe é atribuído.
Foi
também durante este seu período de intervenção política que António Egas Moniz
se tornou também ele maçon. De acordo com os registos do Grande
Oriente Lusitano, Egas Moniz foi iniciado na Maçonaria na R. L. Simpatia e
União em 1910. Dois anos depois, porém, muito provavelmente em consonância com
a sua demarcação da ala dos Democráticos de Afonso Costa, abandona igualmente a
Maçonaria. Ao
longo da sua vida foi conhecido por participar em movimentos que arvoravam a
causa da paz e manifestava o seu desacordo pela ausência de liberdades. Foi
inclusivamente convidado a ser candidato à Presidência da República nas
eleições de 1951, honra que não quis aceitar. Morreu
em 13 de Dezembro de 1955 tendo deixado um importante legado científico ao
nosso país e tendo servido de mestre a vários médicos portugueses de renome,
como Lobo Antunes, Barahona Fernandes ou Almeida Lima.
Por tudo o que atrás ficou escrito, a escolha do meu nome simbólico recai sobre uma figura ímpar da nossa história, alguém que deixou marcas na nossa sociedade e no mundo, que defendeu a Liberdade e a Paz, que foi homem honrado e de princípios, maçon do Grande Oriente Lusitano, e imortalizado com o mais alto galardão internacional. Por todas estas razões, a escolha deste nome não podia ser mais justa nem mais perfeita, e só posso desejar que possa servir de inspiração para que eu possa seguir os seus passos em termos de caráter e defesa dos valores maçónicos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, procurando ser uma referência de integridade para todos os que se cruzarem comigo ao longo da minha vida.
Autor: António
Egas Moniz