Para qualquer Maçom regressar ao Templo, no amplexo fraternal dos seus Irmãos: homens de todas as idades, experiências de vida, classes sociais, etc. – é retornar a uma casa-mãe onde, iluminados pela luz dos grandes signos da Maçonaria, todos se ligam por um fio fino e invisível de inexplicável união fraterna.
Em Templo ninguém é mais importante que ninguém. É sabido que a Maçonaria trabalha de forma iniciática, gradual, das trevas para a Luz. Da morte para o renascimento. Da terra para o fogo. Mas esses graus em que cada um vai ascendendo funcionam como se se subisse uma escada em que em cada degrau constitui um ensinamento para que, de forma segura se possa colocar os pés no degrau seguinte e nunca como uma forma de ostentar diferenças ou exercer desigualdades.
É por isto que se torna tantas vezes doloroso para um Maçom ver-se impossibilitado por um motivo profano de comparecer aos trabalhos da sua oficina. A sua Loja.
Durante as sessões «os metais ficam à porta do templo». A energia de cada Irmão expande-se apoiada pelas qualidades dos outros Maçons. O seu campo de «mundivisão» amplia-se. Ali já não são só os seus olhos que vêem, os seus ouvidos que ouvem, os seus sentidos vulgares que respondem. Conduzidos pelo Ritual, passam os Irmãos a viver/vivenciar uma percepção sensorial conjunta sem risco para a sua individualidade, até pelo contrário, a sua individualidade só pode sentir-se reforçada. Eis o que podemos chamar (parcialmente, há outros aspectos) o Segredo Maçónico. Trata-se dessa vivência etérea e física e, principalmente, ética, que renasce em cada sessão o sagrado Segredo dos Maçons.
Talvez haja quem pense (certamente há) que os Maçons guardam segredos de outro tipo, materiais por exemplo. Ou que se juntam para «maquinar» uma perversa influência de cada um no exterior. Enfim, haverá quem pense e faça passar essa sua crença infundada a outros, dando a entender com intuitos de perjúrio que na Maçonaria o segredo é a alma de um qualquer negócio.
Pois não poderiam estar mais enganados os que assim pensam. Na realidade, o Segredo Maçónico é um segredo interno. Uma forma de comunhão com o que há de mais sagrado no coração de cada Irmão e que a iniciação na Franco-Maçonaria (a Livre-Maçonaria) proporciona. É essa Verdade imensa e bela que se faz revolucionária em cada iniciado. Essa experiência de trabalho interior é de facto um segredo próprio dos Maçons. Verdade que vibra no coração de cada um até que a vida o conduza ao Grande Oriente Eterno, denominação dada ao mistério da passagem pela porta da morte. E, todos os dias, o Maçom, na sua meditação e trabalho aprende a lidar com essa fronteira. A morte e o seu simbolismo é uma poderosa ferramenta de trabalho para os maçons desde o dia das suas iniciações.
Ser detentor deste segredo é certamente um privilégio incomensurável, mas mais do que isso é uma responsabilidade que jamais deve ser descuidada.
Pensemos, pois, no Segredo Maçónico como a própria Vida em transmutação que o Maçom recebe no dia da sua iniciação que se manterá aceso seja qual for o grau que venha a atingir no seu percurso, sejam quais forem as responsabilidades temporais que assuma. O seu segredo é a união de luzes que a cada instante da sua vida profana e Maçónica o seu intimo de aprendiz lhe vai ensinando.
Pela Liberdade
Pela Igualdade
Pela Fraternidade
Autor: Hugo Pratt
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