A Loja é essencialmente o lugar onde se ensina pela Palavra e onde se busca a Luz, que, em Maçonaria, é um termo que se refere ao conhecimento iniciático. “Conhecer a Luz” é conhecer a verdade, adquirir a consciência da força espiritual. A Luz representa a perfeição na tarefa pessoal a que deve aspirar qualquer Maçom, está ligada ao conceito de viagem, de aproximação, de busca. Por isso o processo de Iniciação é a passagem da noite para a luz, da morte para a vida.
A Iniciação expressa uma experiência humana, do mesmo modo que a poesia, a literatura, a arte, a filosofia, também traduzem experiências humanas. Neste aspecto, são numerosas as obras do génio humano que ensinam ao homem prisioneiro de uma situação como deve dela libertar-se rumo à verdade e à luz.
Um Maçom só pode chegar à verdade, à luz, através de todo um percurso que lhe cabe caminhar em sua própria companhia – caminho difícil e sombrio, caminho de sombras veladas mas também de brilhos intensos, de penumbras dos mais variados matizes.
Submersos no caminho das sombras iniciadas para se chegar a apreender a verdade da luz, passa-se pela experiência da Câmara de Reflexão. E uma vez retirada a venda dos olhos, apercebemo-nos de uma luz débil que debilmente ilumina o que nos rodeia, que nos recorda a passagem da morte para a vida, que nos alerta para o compromisso que estamos a ponto de tomar. Luz e cor são valores que comportam a beleza dos espaços, dos objectos iluminados. Por isso os metais são mais valiosos quando brilhantes – que é a qualidade da luz. Não é em vão que o ouro é o representante máximo do brilho da luz, luz essa que outorga o grau de beleza na percepção medieval do valor estético.
Despojado dos metais, desprovido de recursos, fica o profano face ao olhar atento da sua sombra, da sombra do seu passado. Chegam-lhe vozes de pessoas sem rosto.
E assim o processo de formação de um Maçom começa pela própria análise da sua sombra, da sua origem, desprovido de brilhos desnecessários que perturbem a imersão numa profunda análise dos seus deveres para com os demais e da realização do seu testamento filosófico, que não é mais do que uma declaração crítica das suas intenções, ainda reconhecidas de forma sumária, sob a sombra de uma vela.
Quando lhe é perguntado o que procura e o candidato humildemente responde “a Luz”, essa Luz constitui um tesouro de conhecimentos concentrados nas lições de Sabedoria, Força e Beleza, na sua luta perene contra a ignorância, no combate contra os vícios e em prol das virtudes capitais contra a preguiça, o egoísmo, a avareza, a ira, a gula, a luxúria, a idolatria, a prepotência, o narcisismo, a egolatria, o fanatismo e o desejo desmedido de bens materiais.
Enfim, um caminho longo, cujo início sabe sempre bem recordar…
Autor: Álvaro
Sem comentários:
Enviar um comentário