quarta-feira, 25 de abril de 2012

Intervenção de António Arnaut na Homenagem Prestada na Sua Terra Natal

Saúdo-vos a todos e a cada um desta forma cordial, assim vos igualando na minha estima e apreço.
É meu dever, no termo deste almoço de confraternização, dirigir-vos breves palavras para os agradecimentos devidos, as explicações convenientes e para uma reflexão necessária.
Estou muito agradecido a todos: aos obreiros do Jornal Região do Castelo que tomaram a iniciativa deste convívio, à Câmara Municipal de Penela, que a patrocinou e a todos vós, amigos, companheiros e camaradas, que vieram de perto ou de longe para me manifestarem a vossa estima e me oferecerem o ouro da vossa amizade.....

Intervenção a ler na íntegra, na página: Pranchas

Ofereço-vos um poema em vez duma flor
em lembrança e gratidão: 
a flor murcha, o poema não 
se nele a palavra amor 
bater como bate o coração.

E assim vos reúno num abraço
à mesa redonda da fraternidade
para celebrar o futuro,
esse tempo solidário e sem redil
em que o Sol dissipará
as sombras que tecem a escuridão
e um pássaro cantará,
como no sonho de Abril,
o dia da libertação.                     

Penela, 21 de Abril de 2012 
António Arnaut - Past Grão Mestre Grande Oriente Lusitano - Maçonaria Portuguesa

terça-feira, 17 de abril de 2012

Painel da Loja


Ao penetrarmos no domínio do simbólico não podemos deixar de olhar numa perspectiva de leitura esclarecida dos elementos presentes, quer em templos formais, quer em qualquer outro local adaptado para a realização de sessões de natureza ritualista. No caso dos Trabalhos Maçónicos, a abertura da sessão implica o envolvimento de um dos elementos simbólicos mais importantes da sua decoração: o Painel Simbólico do Grau. No passado, o Templo podia ser levantado em qualquer local, bastando para tal desenhar no chão o Quadro ou Painel Simbólico do Grau em que a Loja ia trabalhar, sendo este apagado no final da sessão. Posteriormente, foi adoptado o uso de uma tela pintada, estendida no início das sessões e levantada no final, sendo assim resguardada dos olhares profanos.

No Painel do Grau I são visíveis duas colunas com romãs no topo, enquadrando uma porta e três (3) degraus. Numa interpretação sintetizada deste conjunto, os 3 degraus simbolizam os esforços para libertação das vicissitudes do mundo físico, subindo degrau a degrau na espiral do processo evolutivo que se desenvolve no sentido ascendente, ultrapassando no mundo intermédio a sua própria realidade e desejos e alcançando no mundo subtil do pensamento a consciência da espiritualidade e da gnose que lhe é proporcionada através da prática da Arte Real. Simbolizam ainda as 3 luzes da Loja e que a governam, VM, 1º e 2º Vig., Esquadro, Nível e Prumo, Salomão, Hiram, Rei de Tiro e Hiram Habif. O número 3 assume ainda especial importância por representar no Painel, entre outras coisas, a idade do Aprendiz, bem como a sua marcha e bateria. 

Ao encontrar as colunas gémeas, encontra-se também a entrada do Templo de Salomão, pois era aí que originalmente estas se encontravam. De acordo com diversos testemunhos, nomeadamente os textos contidos na Vulgata e mais concretamente, no Livro das Crónicas do designado Antigo Testamento, «Resolveu, pois, Salomão, edificar um templo…» (1) tendo o rei de Tiro enviado o Mestre em Geometria Hiram Abiff para o auxiliar nessa tarefa. «Diante do edifício fez duas colunas de trinta e cinco côvados de comprimento, fez também trançados à maneira de colares e os pôs em cima das colunas; a seguir fabricou cem romãs, que dispôs nesses trançados. Erigiu essas colunas diante do templo: uma à direita e outra à esquerda; à da direita chamou “J” e à da esquerda, “B”» (2). À coluna J, é atribuído o significado de “ele estabelecerá” e a B, o de “na força”, sendo mencionadas ainda no Livro dos Reis, também do Antigo Testamento, cada uma medindo 18 côvados (o côvado hebreu mediria 44,7cm e seria baseado no comprimento do antebraço, desde a ponta do dedo médio até o cotovelo). Nestas colunas eram guardados os instrumentos e ferramentas dos obreiros, bem como seria junto a elas efectuada a distribuição dos salários. No seu interior eram, de acordo com a tradição, ainda guardados os valores com que se realizava os pagamentos. No topo dessas colunas, as romãs, que em muitas culturas são associadas a masculinidade, fecundidade e abundância, simbolizam ainda a universalidade da Mçonaria e da união entre todos os Maçons no seu trabalho em conjunto por um ideal maior. 

Atravessando a porta no Ocidente, sendo esta a única abertura no Templo e como tal mantida encerrada durante os trabalhos, encontra-se um chão em mosaico, com quadrículas em branco e preto. Este piso, mais não é do que a representação dos opostos e do contraste, do positivo e do negativo, do bem e do mal, interagindo como um todo e não apenas como partes, significando portanto a diversidade que une todos os Maçons na busca da verdade. 
No Painel podem-se ainda observar três janelas. Estas estão dispostas de forma a representar a posição do Sol no Oriente, no Meio-dia e no Ocidente. Nessas janelas é ainda visível uma protecção em malha ou rede, simbolizando que, apesar de a luz estar sempre presente e iluminando o Templo, nele apenas permanece o que lá está e o está fora aí permanece. É assim representada desta forma simbólica o facto de que nenhuma sessão deve ser perturbada pelo mundo profano, nem os trabalhos que decorrem na Loja nesse mundo serem divulgados. 

O esquadro, o nível, o prumo, o compasso, a régua, o malhete, o escopro e a prancha de traçar, são importantes instrumentos representados no Painel do Grau I. Para compreender esse conjunto é necessário ter presente que, nas Lojas, existem três jóias móveis, esquadro, nível e prumo. Existem igualmente três jóias fixas, que são a prancha de traçar, a pedra bruta e a pedra polida. A prancha de traçar simboliza, através dos símbolos que nela são traçados pelo VM, as orientações aos Aprendizes, para o seu trabalho de aperfeiçoamento através da prática da Arte Real, num processo de transformação alquímica da mente. O compasso é a jóia do Mestre e sendo o instrumento por excelência da geometria, simboliza o equilíbrio, verticalidade e justiça. O esquadro, permitindo traçar o ângulo recto e esquadrejar todas as formas, simbolizando a rectidão. A régua, servindo para medir e traçar na pedra bruta os cortes a serem realizados, simbolizando o planeamento e precisão. Estes três instrumentos em conjunto constituem o símbolo da Maçonaria. O prumo utilizado pelos pedreiros para assegurar o alinhamento vertical, representa na simbologia maçónica a rectidão, justiça e moral que cada Maçom deve desenvolver em si. O nível, utilizado pelos pedreiros na busca da horizontalidade, simboliza a igualdade, uma vez que coloca todos ao mesmo nível. O malhete é utilizado em todas as sessões pelas três luzes do Templo. O cinzel é o símbolo do trabalho inteligente, sendo utilizado em conjunto com o maço (ou malho) no processo de polimento da pedra e consequentemente da matéria densa. 

Revestidas igualmente de importante simbolismo e presentes no Painel estão a pedra bruta e a pedra cúbica. A pedra bruta tem aí um importante significado ao representar as imperfeições que o Aprendiz necessita corrigir desde o momento da sua iniciação e como tal devendo ser trabalhada até ser considerada polida pelo VM. Assim a pedra polida é transformada na pedra cúbica talhada na sua forma em conformidade com a Arte, de linhas e ângulos rectos perfeitos, mensuráveis pelo compasso e esquadro, tendo como um dos significados simbólicos, o conhecimento que é acumulado pelo homem até ao final da sua vida terrena. 

Todo o conjunto do Painel que se completa com o Sol, a Lua e as estrelas, é emoldurado por uma corda com 12 nós terminando em borlas junto às colunas, simbolizando, entre outras coisas, os meses do ano e os signos do zodíaco. Outro significado associado a esta corda é a união entre todos os membros da Maçonaria. Uma das razões para a presença das estrelas neste Painel, é a de representarem o tecto do Templo, tendo o zénite como limite superior, em oposição ao nadir indicado pela posição do prumo. No Templo, o Sol e a Lua estão no Oriente, sendo neste aspecto de recordar que os trabalhos do são abertos ao meio-dia e fechados à meia-noite. No Oriente, existe um triângulo representando o Delta Luminoso. O Delta Luminoso apresenta-se assim como símbolo do Sol no mundo físico, irradiando a luz e a vida. No mundo astral, simbolizará o Princípio Criador ou ainda a Palavra Perdida e nos mundos subtis, o GADU. 

Desvelando um pouco mais o véu de Ísis outros significados se poderia invocar, pois todos os instrumentos objectos e formas presentes no Painel do Grau I apresentam por si só ou em conjunto uma simbiose de simbolismos que poderiam prolongar esta exposição para um limite eventualmente muito para além do razoável. Será assim legitimo considerar que, os ensinamentos “condensados” no Painel do se revestem de extrema importância para o percurso que se inicia na Maçonaria, pois constituem a base para o entendimento dos princípios em que se alicerça a sua filosofia, sendo portanto fundamentais para todo o processo de aprendizagem e evolução futura.


Autor: Gualdim Paes

(1) Antigo Testamento, 2 Crónicas 1:18;
(2) Antigo Testamento, 2 Crónicas 3:15-17.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Galileu Galilei

Galileu Galilei nasceu em 15 de Fevereiro de 1564 na cidade italiana de Pisa. Era filho de Vicenzo Galilei, professor de música e de Giulia Ammannati. Tinha duas irmãs, um irmão e herdou do pai o grande gosto pela música e uma enorme aptidão para a matemática, da mãe um carácter forte e persistente, características que viriam, sem dúvida, a ser determinantes na sua vida como físico, matemático e astrónomo.
Em 1574, a sua família mudou-se para Florença e Galileu foi educado pelos monges do mosteiro de Camaldolese, perto da cidade vizinha de Vallombrosa. Por pouco Galileu não seguiu a carreira artística. Um de seus primeiros mestres, Orazio Morandi, tentou estimulá-lo a partir da coincidência de datas com Michelângelo (que havia morrido três dias depois de seu nascimento). Contrariando a vontade do seu pai, Galileu não se tornou comerciante  e  muito menos religioso. Matriculou-se aos 17 anos da Universidade de Pisa, onde se revelou um brilhante aluno de medicina. Esse interesse, no entanto, sucumbiria quando Galileu descobriu o grande candelabro dependurado no teto da catedral de Pisa. Usando as batidas de seu próprio coração para medir o tempo, ele observou que o movimento do candelabro se completava sempre no mesmo período, não importando a amplitude da oscilação. Só pensava em fazer experiências físicas (que, na época, era considerada uma ciência de sonhadores) Galileu abandona a universidade em 1585 sem se tornar médico e começa a estudar matemática, física e astronomia. Das suas meditações sobre lâmpadas suspensas e oscilantes surgiram as leis do pêndulo, e destas, mais tarde, a invenção do relógio de pêndulo, pelo holandês Christiaan Huygens (1629-1695).
Ocupando, aos 25 anos, a cátedra de matemática na Universidade de Pádua, Galileu realizou várias experiências sobre o problema de queda dos corpos. Para demonstrar que Aristóteles estava errado quando afirmou que “a velocidade de um corpo em queda é razão directa de seu peso”, realizou experiências com bolas de ferro rolando sobre um plano inclinado. Colocou em discussão muitas das ideias do filósofo grego, dando mesmo origem à criação de histórias rocambolescas que dessem credibilidade às suas descobertas, como foi o caso da famosa história, nunca provada, de que havia subido na torre de Pisa e lançado dois objectos de pesos diferentes do seu alto. O que é um facto é que conseguiu demonstrar que objectos leves e pesados caem com a mesma velocidade sobre a superfície da Terra, contestando uma das mais célebres afirmações de Aristóteles.
A partir de um folheto sobre o telescópio inventado em 1608, pelo holandês Hans Lippershey (diz-se que sem nunca ter chegado a ver nenhum), construiu a primeira luneta astronómica em Veneza tendo sido o primeiro a observar as montanhas e crateras na Lua, as manchas solares, os quatro principais satélites de Júpiter e as fases de Vénus.
A partir de 1610 fez observações da Via Láctea que o levaram a adoptar o sistema de Copérnico. As suas primeiras descobertas foram publicadas nesse ano de 1610, no “Sidereus Nuncius”, manuscrito que causou sensação pela Europa inteira. Em 1612 publica o “Discurso sobre as Coisas que estão sobre a Água” e “História e Demonstrações sobre as Manchas Solares.” As suas descobertas tiraram a importância do Homem como centro do Universo, maculando a perfeição dos céus.

Pressionado pela Igreja, foi para Florença, onde prossegue com as suas observações astronómicas, polemizando intensamente com seus opositores. Ao criticar abertamente a física aristotélica e o sistema geocêntrico de Ptolomeu (127-145 d.C.), o sábio italiano acabou por receber a sua primeira advertência formal da Inquisição, que condenava as teorias sobre o movimento da Terra e proibia o ensino do sistema heliocêntrico de Copérnico.
Em 1632 publica o “Dialogo Sopra i Due Massimi Sistemi del Mondo”, onde produzia uma conversa entre três personagens: Salviati, Sagredo e Simplicius através da qual, Galileu afirmou que o Centro Planetário era o Sol e não a Terra; essa girava ao redor dele como todos os planetas. O dominicano Lorini denuncia a doutrina de Copérnico como herética. Os Diálogos foram proibidos e Galileu foi mandado apresentar em Roma e interrogado diversas vezes. Apesar das ameaças de tortura, Galileu manteve as suas convicções sobre a teoria copérniana heliocêntrica, que segundo o Santo Ofício de Roma, era incompatível com a Sagrada Escritura.
Após três meses de exaustivas sessões de interrogatório, Galileu foi acusado pelo Tribunal do Santo Ofício, condenado por heresia pela inquisição e, em 22 de Junho de 1633, foi obrigado a renegar a sua certeza de que a Terra não estava imóvel no espaço, utilizando a frase “abjuro, maldigo e detesto os citados erros e heresias”. Diz a lenda que, ao sair do tribunal, quando foi julgado e forçado a renegar a sua crença de que a Terra se movia à volta do Sol, Galileu teria murmurado: "Eppur si muove" (No entanto move-se).
Galileu teve sua obra proibida e foi condenado a viver em prisão domiciliária perpétua em Arcetri, onde escreveu as obras "Discorsi" e “Dimonstrazioni matematiche intorno a due nuove scienze", "Aattinenti alla meccanica" e "I movimenti locali", que foram secretamente publicadas na Holanda em 1638.
Foram feitas varias tentativas para obter o perdão e a liberdade de Galileu da sua prisão domiciliária, mas tudo foi em vão. Ele próprio disse que não esperava perdão, pois só os culpados podiam ser perdoados. Trabalhava ainda com teorias sobre pêndulos e sobre o que acontecia no impacto de dois objectos em colisão, quando em 18 de Janeiro de 1642 completamente cego, morre, em Arcetri, aos 78 anos de idade. 
Os amigos e seguidores, incluindo o Grão-duque, queriam um funeral e uma sepultura digna de um grande homem, mas a Inquisição, em Roma, continuou a afirmar que Galileu era um herege condenado. E assim, foi enterrado após uma cerimónia simples, em Santa Croce, Florença. Só no século seguinte foi reconhecido o seu devido valor. Os seus restos mortais foram removidos para a sepultura na catedral e Galileu ocupou o lugar que lhe pertence na História, como um dos maiores cientistas de todos os tempos. 341 anos após a morte de Galileu, em 1983, o Papa João Paulo II, revisto que foi o seu processo, reconheceu que alguns elementos da Igreja haviam cometido erros na análise e decidiu pela sua absolvição.

As ideias de Galileu Galilei levaram a experiências para testar teorias científicas com o auxílio dos cálculos matemáticos no estudo dos resultados. Sua maior contribuição à ciência está no estabelecimento das bases do pensamento científico moderno, o método experimental, ressuscitado dos tempos do velho Arquimedes. É por isso que Galileu Galilei ainda hoje é considerado por muitos como o "pai" da Física Moderna.

Das suas realizações, salientamos:
· Contestou, pela primeira vez, as ideias de Aristóteles;
· Enunciou a lei do (isocronismo das pequenas oscilações do) pêndulo – quando era professor na Universidade de Pisa, estudou o movimento do pêndulo tendo determinado que o seu período não depende da massa, mas apenas do comprimento do fio. Foi o primeiro a pensar que este fenómeno permitiria fazer relógios muito mais precisos e chegou mesmo, já no final da sua vida, a trabalhar no mecanismo de escapo, que mais tarde originaria o relógio de pêndulo;
· Enunciou a lei da (aceleração uniforme da) queda dos corpos - diz que dois corpos caem à mesma velocidade, mesmo que tenham massas diferentes.
· Enunciou o princípio da Inércia
· Abriu o caminho ao progresso científico.

Galileu Galilei inventou:
. A Luneta Astronómica, com a qual descobriu, entre outras coisas, as montanhas da Lua, os satélites de Júpiter, as manchas solares, e, principalmente, planetas ainda não conhecidos. O aperfeiçoamento que introduziu ao telescópio inventado por Lippershey, um novo processo de polimento das lentes que permitia curvaturas corretas, possibilitou obter ampliações de 20 vezes, o que facilitava a ampliação sem grandes manchas ou distorções. As características da sua luneta permitiram-lhe ser a primeira pessoa a utilizar o telescópio para estudar os céus, em especial o céu nocturno tendo feito inúmeras descobertas sobre planetas e sobre estrelas, destacando-se os quatro principais satélites de Júpiter: Lo, Europa, Ganimedes e Calisto.
. A  balança hidrostática - um objecto imerso num líquido, por exemplo a água, pesa menos que no ar. A diferença de pesos é igual ao peso do volume de água deslocado, isto é, ocupado pelo objecto. A balança podia identificar os metais pelo seu peso e calcular as proporções em misturas de metais. Esta descoberta foi particularmente apreciada, porque os ourives tentavam por vezes enganar os clientes, misturando metais caros com metais de reduzido valor.
. O termoscópio - O termoscópio inventado por Galileu, enquanto professor em Pádua, era utilizado para medir a temperatura e a pressão atmosférica.
. O  compasso proporcional – permitia calcular todo o tipo de somas, raízes quadradas, cambio de moeda, determinava volumes e a densidade de objectos.

Ficaram célebres as seguintes frases de Galileu Galilei:
"A Matemática é o alfabeto com que Deus escreveu o Universo."
"Meça o que é mensurável e torne mensurável o que não é."
"Todas as verdades são fáceis de entender, uma vez descobertas. O caso é descobri-las".

Por tudo quanto fica expresso, esperando que não considerem pretensiosa a adopção do nome simbólico de Galileu por parte deste aprendiz. Esta escolha foi feita exactamente pelo exemplo que tão ilustre cientista representa para nós. O pragmatismo do seu pensamento, a utilização do método experimental para comprovar as suas teorias, a sua persistência e empenho na busca da explicação para os fenómenos físicos que observava com especial perspicácia, o seu gosto pela matemática e pela astronomia, complementados pela música que desde sempre acompanhou a sua vida, fazem de Galileu Galilei uma figura de referência para o nosso desenvolvimento pessoal, na busca do saber e do conhecimento.
Tendo sido Galileu, antes de mais, o astrónomo que primeiro analisou as estrelas, os planetas e os seus satélites, que melhor referência poderíamos nós arranjar para a nossa caminhada na loja maçónica, onde desde os antigos tempos os candidatos prestam juramento de fidelidade e de descrição, tomando por testemunhas exactamente o Sol, a Lua e os astros. A física e a matemática, em cujo estudo e desenvolvimento Galileu tanto se empenhou foram algumas das ciências que os antigos candidatos da Maçonaria tiveram que estudar, mas a maior coincidência entre os princípios da Maçonaria e as posições de Galileu estão expressas nas perseguições que a inquisição fez a ambos. A vida deste cientista ficou marcada pelo desejo de justiça, da verdade e da honra de que o privaram mas também pelo progresso para que ele contribuiu com o desenvolvimento que trouxe à ciência, correspondendo assim, por inteiro, ao lema da Maçonaria.

Autor: Galileu

terça-feira, 3 de abril de 2012

Viagens


Na cegueira das trevas do profano a começar,
Com o pé descalço o caminho árduo andará.
Peito e braço mostram tudo o que têm para dar,
(Esta Augusta Ordem e os seus Irmãos assim o merecem.)
O Neófito assim o fará.

O Ar puro inspirado pela criança,
Auspícios a Norte de progressos e evoluções.
O início da viagem marca-se com coragem e desconfiança,
Sob sons de ventos e de trovões.

O caminho sinuoso resiste ao tempo infinito.
O vento sopra o bem e a verdade de sempre.
A criança que faz hoje o rito,
Ficará para sempre diferente.

A idade avança e a viagem também.
No caminho do Sul ouvem-se espadas que lutam em duelos.
É a luta pela conduta moral e pelo bem.
O Jovem perdido no vício e hábitos aprenderá a vencê-los.

A água liberta a pedra bruta de tanta aresta polida.
O Jovem limpa-se de ignorância e fraqueza.
Esta caminhada não se encontra perdida,
O Neófito faz dela uma certeza.

Limpo e impio se encontra o Viajante,
Homem pronto para o fogo que se avizinha.
Na terceira viagem o som do silêncio é determinante,
Passos ouvem-se a oriente de quem também caminha.

À paz que sente no seu coração,
Ao Homem se funde o fogo do amor fraterno.
Não mais seguirá a dor da errante imaginação,
Sabedoria aprendida no seio do seu caminho eterno.

A Liberdade,
A Igualdade,
A Fraternidade,
Pilares da nossa Ordem,
Serão agora dignificados,
Pelo Neófito que recebem,
Os irmãos tríplice abraçados.

As viagens terminam com o devido respeito,
O aprendiz, o companheiro e o mestre.
O Neófito de compasso ao peito,
De sentimento de exactidão eterno se reveste.

Autor: Carl Sagan, II