terça-feira, 6 de novembro de 2007

Vénus: a “Estrela D’ Alva”

O planeta Vénus é o terceiro corpo celeste mais brilhante dos nossos céus, pois apenas o Sol e a Lua o conseguem ultrapassar em termos de brilho aparente.
Há vários aspectos fascinantes neste nosso vizinho. Em primeiro lugar é o planeta mais semelhante ao nosso em termos de dimensões: enquanto a Terra tem um diâmetro de 12 756 km, Vénus tem 12 104. Mas se em dimensões e massa são quase gémeos, quando se fala na pressão atmosférica ou na temperatura à superfície, as diferenças são enormes. De facto a pressão atmosférica é cerca de 90 vezes superior à que se encontra no nosso planeta ao nível do mar. No que se refere à temperatura, em Vénus esta ronda os 500º C (Celsius), tanto no equador como nos pólos e tanto onde é de dia como onde é de noite. Na verdade estamos perante o planeta mais quente do Sistema Solar, apesar de nem sequer ser o que está mais próximo do Sol. Esta situação resulta de um enorme efeito de estufa.
Outro aspecto fascinante de Vénus tem a ver com o facto de alternar entre ser “estrela da tarde” ou “estrela da manhã”. Daí ter tido dois nomes durante muito tempo, pois se pensava serem astros diferentes. Como “estrela da tarde” foi conhecido como Vésper e popularmente era a “Estrela do Pastor”. Quando visível ao amanhecer, recebeu o nome de Lúcifer (o que traz a luz) ou Estrela d’ Alva.
Apesar de todo o brilho que vemos no planeta, a verdade é que da Terra nunca o conseguimos apreciar em todo o seu esplendor. Como se pode verificar com um pequeno telescópio ou mesmo com um vulgar binóculo, quando está mais perto de nós todo aquele brilho é produzido apenas por um pequeno crescente, pois a maior parte da superfície iluminada está voltada na direcção oposta à nossa, ou seja, está voltada para o astro-rei. Só quando está do outro lado em relação ao Sol, portanto muito mais longe, é que nos mostra uma maior superfície iluminada. A sua face iluminada apenas fica completamente voltada para nós quando o Sol está entre os dois planetas, o que, como é lógico, inviabiliza a sua observação.
Ao longo dos séculos Vénus tem chamado a atenção das diversas civilizações. Assim é bem conhecido o enorme interesse dos Maias pelo planeta, que consideravam determinadas fases do seu ciclo como especialmente nefastas.
Outro povo que também se terá interessado pelo astro foi o mesmo que terá construído monumentos notáveis como Stonehenge ou Newgrange. Para este povo, conhecido como “povo das estrias gravadas” (devido à forma como tipicamente decoravam as suas peças de cerâmica), a época em que Vénus surge como estrela da manhã estaria relacionada com rituais de renascimento.
Conforme se pode constatar pelos trabalhos de C. Knight e R. Lomas, nomeadamente no livro «Uriel’s Machine» (A Máquina de Uriel), estes investigadores estudaram cuidadosamente o notável monumento de Newgrange e concluíram que a construção do mesmo tinha pormenores que dificilmente poderiam ser obra do acaso. Assim, há uma fenda sobre a abertura da parede oriental que permite que a luz de Vénus incida periodicamente numa das câmaras situadas no centro do edifício. Estas câmaras parecem ser a parte mais importante de toda a construção e as suas paredes foram revestidas de quartzo, o que proporciona um efeito notável. Quando a luz do planeta penetra pela referida fenda, incide nos cristais de quartzo e produz uma intensa luminosidade, quase irreal.
O fenómeno dura apenas alguns minutos, pois o movimento aparente da esfera celeste e as dimensões da abertura levam a que o alinhamento seja de curta duração. Por outro lado, esse fenómeno só ocorre uma vez em cada 8 anos, precisamente na data em que o planeta vizinho alcança o seu máximo brilho aparente. Note-se que para a luz de Vénus provir de oriente e sem ser ofuscada pela do Sol, então é porque é estrela da manhã, ou seja, surge a oriente antes do nascer do sol.
Com base nestas informações, os autores elaboraram uma teoria segundo a qual no interior de Newgrange e noutros monumentos idênticos, haveria rituais de renascimento.
Segundo eles, quando alguém com elevado estatuto social, como um rei ou um alto sacerdote morria, o seu corpo seria conduzido ao interior da gruta artificial e colocado numa das câmaras centrais. Ao aproximar-se a data do fenómeno astronómico, seria levada ao interior dessa mesma gruta uma mulher da sua família cuja gravidez estivesse no final, de modo a que a criança nascesse em data o mais próxima possível daquela em que a luz recebida de Vénus incidisse no interior da câmara. Convirá acrescentar que havia rituais de fertilidade nove meses antes da data do alinhamento de Vénus com a abertura do edifício.
Graças à luz da “estrela da manhã” ocorreria a transferência do espírito do falecido para o recém-nascido, o que daria a este um estatuto idêntico ao do primeiro. O indivíduo em causa seria assim considerado como imortal.

Ainda segundo os mesmos autores, estes rituais poderão estar na génese do ritual em que o Companheiro recebe o grau de Mestre Maçon.

Autor: Carl Sagan

2 comentários:

Anónimo disse...

nuus!!obg meu trabalho fikou perfect!!!!!!!
bjs

Anónimo disse...

muito bom seu trabalho.