com a sua mulher, e queria voltar.
Disseram-lhe que era um herói,
e que morria como um herói
com duas balas no peito.
Mas ele não queria ser herói:
O soldado sonhava com a sua terra,
com a sua mulher, e queria voltar.
O torturado caía de um lado para o outro da cela.
Ele lera Marx, e lembrava-se do profeta Isaías:
«O lobo e o cordeiro pastarão juntos».
Ele acreditava, e o seu crime era acreditar.
Uma pancada forte de mais no crânio,
e não puderam fazer mais nada com ele:
deitaram-no para uma cova,
e cobriram-no com terra e pedras.
E todos viram crescer o trigo negro da raiva.
Lembra-te, Abril, dos que não voltaram!
Lembra-te, Abril, dos que não tiveram cravos na boca!
Ele lera Marx, e lembrava-se do profeta Isaías:
«O lobo e o cordeiro pastarão juntos».
Ele acreditava, e o seu crime era acreditar.
Uma pancada forte de mais no crânio,
e não puderam fazer mais nada com ele:
deitaram-no para uma cova,
e cobriram-no com terra e pedras.
E todos viram crescer o trigo negro da raiva.
Lembra-te, Abril, dos que não voltaram!
Lembra-te, Abril, dos que não tiveram cravos na boca!
Autor: Adriano Rosa (1º Prémio Literário Jornal A Maré, Espinho: 1983)
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