quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Serpente Vermelha

A SERPENTE VERMELHA - Ofiuco ou o Portador da Serpente (entre Escorpião e Sagitário)  

Ela, vermelha, a serpente, viera a mim com o seu Portador, queria novas do caminho.
Uma das minhas falas disse:
- O caminho é curvo, próprio para serpentes.
Outra das minhas falas disse:
- Depois há o círculo…
E uma terceira fala disse:
- Nunca passarás do ponto de partida.
O ofiuco saiu pensativo.
Serpentes são a minha especialidade.
Ísis que o diga:
- Onde existe vida está a serpente.
Madalena que o diga:
- Onde existe vida está a serpente.
A Virgem Negra que o diga:
- Onde existe vida está a serpente.
A Mulher Escarlate que o diga: 
- A serpente sou eu. 

Conheci Janus em Malkutt, 
Senhor de todas as chaves, 
Guardião de todos os caminhos; 
Conheço a Árvore da Vida, 
Todos os seus frutos, 
Conheço as cinquenta e duas portas e trinta e duas chaves, 
Eu saio e entro e o que está por detrás delas não me é desconhecido. 
Conheço todas as letras e todos os números 
E tanto estou em Nadir como em Zénite. 
Sou o Céu, sou a Terra, sou o Oito, 
Sou Filha do Senhor, reflexo da sua obra. 

Em noites de secretos desejos deslizo pelo teu corpo, 
Como um enigma por decifrar, 
Enrosco-me, sufoco-te, engulo-te, 
Durmo no fundo do teu cerne 
Como se fosse o meu mundo subterrâneo. 
Sou o macho, sou a fêmea, sou o útero e o falo, 
Sou a origem das noites, desapareço e renasço. 
Dispo-me e renovo-me, 
Dou a vida à vida, 
Sou a Kundalini enroscada 
E ascendo a todos os chacras. 
Sou o eixo do mundo, 
Guardiã do Nadir, subo a Zénite e passo por ele 
Por caminhos imprevisíveis. 
Sou o Sol e a Lua dos teus dias e das tuas noites, 
Sou o infinito imaginário onde tudo se cria, 
Guardiã dos saberes, das ciências e das artes, 
Sou o fogo e o frio que arrepia a tua espinha, 
Sou amor em toda a sua divindade. 
Abarco a criação num círculo contínuo quando mordo a minha cauda, 
Sou a roda do Universo, 
Sou a serpente emplumada, o orvalho das manhãs, a água que te beija. 
Senhora de todos os venenos, a morte dos desejos; 
Dispo-me com facilidade, 
Aqueles que amo morrem em mim, renascem em mim. 
Vivo no ventre de Gaia, 
Onde se processa toda a alquimia, 
O Sol nasce da minha boca para aquecer o meu corpo 
E a Lua é o meu reflexo no ventre da Terra. 
Sou amante de Lúcifer, 
Filha do Senhor 
E só Ele conhece todos os meus desígnios.


Autor: Raquel Ben Pandira

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