Neste mês de Dezembro completam-se 33 anos desde que a Loja Estrela D’ Alva retomou o seu normal funcionamento. Tinham passado poucos meses desde que a Revolução do 25 de Abril libertou o país de uma ditadura de longos anos e já um grupo de maçons procurava recomeçar as actividades até então não só proibidas como fortemente perseguidas pelo regime deposto.
Poder-se-ia realizar uma qualquer comemoração, mais ou menos formal deste aniversário. No entanto, como todos sabemos, com o passar do tempo, a celebração de uma data acaba por se ir esvaziando de significado e a limitar-se a ser um dia como outro qualquer, ao qual ninguém dará grande atenção. Cumprida a “obrigação” imposta pelo calendário, tudo regressa à rotina habitual.
Assim sendo, parece-me que tal celebração poderá ser feita de uma forma bem mais profunda e significativa se atendermos a dois aspectos que só superficialmente são diferentes.
Por um lado, esse retomar de actividade evidencia que, ao contrário do que decerto desejava a ditadura, o espírito maçónico não tinha morrido em Portugal. Embora pouco mais que latente, ele estava vivo e bastou que a liberdade voltasse a reinar no nosso país para de novo desabrocharem as suas Lojas e os seus trabalhos.
De facto, se pensarmos no que é a essência do espírito maçónico, é evidente que nenhum ditador alguma vez o conseguirá matar. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade estão, desde há séculos, profundamente enraizados nos corações dos amantes da democracia, da paz e da justiça. A polícia política poderia prender as pessoas, mas nunca conseguiria destruir os seus ideais pois estes são mais fortes do que as correntes, as grades e as balas.
Manter e difundir o espírito maçónico, aprofundar os nossos conhecimentos sobre a Maçonaria e tentar o mais possível levar à prática os seus ideais serão decerto formas magníficas de homenagear os que nos antecederam como obreiros de uma Loja que recebeu o nome de um astro de grande brilho e que desde a mais remota antiguidade muito marcou os seres humanos.
Há contudo um segundo aspecto que, na minha opinião, nos permitirá também celebrar este aniversário de uma forma bem mais intensa do que uma qualquer cerimónia formal. De facto, penso que a melhor forma de comemorar os 33 anos do regresso à normalidade da Respeitável Loja Estrela D’ Alva será não só o darmos continuidade às suas actividades, como se possível aumentá-las ainda mais, ou seja, dinamizá-la com novos obreiros e com um trabalho cada vez mais intenso de todos os que já a constituem. A nossa assiduidade, a nossa participação com pranchas, sejam elas de que tipo forem, e a manutenção de um espírito de profunda fraternidade entre nós, serão a maior das homenagens aos ideais daqueles que, depois de terem resistido à ditadura, trataram de a erguer de novo.
No meu entender, essas serão as formas mais adequadas de os homenagear, assim como serão certamente as que eles, como maçons dedicados que eram, mais desejariam.
Autor: Carl Sagan
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