terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

As três peneiras

Mais uma jornada na construção do Templo terminara. Cansado por mais este dia, Mestre Hiram recostou-se sob o frescor do Ébano para o tão merecido descanso. Eis que, subindo em sua direcção, aproxima-se o seu Mestre Construtor predilecto, que lhe diz:
"-Mestre Hiram...Vou lhe contar o que disseram do segundo Mestre construtor...
Hiram com a sua infinita sabedoria responde:
- Calma, meu Mestre predilecto, antes de me contares algo que possa ter relevância, já fizeste passar a informação pelas "Três peneiras da Sabedoria"?
- Peneiras da sabedoria? Não me foram mostradas, respondeu o predilecto!
- Sim... Meu Mestre! Só não te ensinei, porque não era chegado o momento;
Escuta-me com atenção: tudo quanto te disseram de outrém, passa antes pelas três peneiras da sabedoria. E na primeira, que é a Verdade, eu te pergunto:
-Tens certez a de que o que te contaram é realmente a verdade?
Meio sem jeito o Mestre respondeu:
- Bom, não tenho certeza realmente, só sei que me contaram...
Hiram continua:
-Então, se não tens a certeza, a informação vazou pelos furos da primeira peneira e repousa na segunda, que é a peneira da Bondade. E eu te pergunto:
-É alguma coisa que gostarias que dissessem de ti?
-De maneira alguma Mestre Hiram... Claro que não!
-Então a tua história acaba de passar pelos furos da segunda peneira e caiu nas cruzetas da terceira e última; Faço-te a derradeira pergunta:
- Achas mesmo necessário passar adiante essa história sobre teu Irmão e Companheiro?
-Realmente Mestre Hiram, pensando com a luz da razão, não há necessidade...
-Então ela acaba de vazar os furos da terceira peneira, perdendo-se na imensão da terra. Não sobrou nada para contar.

-Entendi poderoso Mestre Hiram. Doravante somente as boas palavras terão caminho em minha boca.
-És agora um Mestre completo. Volta a teu povo e constrói os teus templos, pois terminaste a tua aprendizagem.

Porém, lembra-te sempre: As abelhas, construtoras do Grande Arquitecto do Universo, nas imundíces dos charcos, buscam apenas flores para suas laboriosas obras, enquanto as nojentas moscas, buscam em corpos sadios as chagas e feridas para se manterem vivas."

1 comentário:

Anónimo disse...

Um conto sábio, quão de antigo quão de actual.

Sheikh