Este é o primeiro trabalho desde que fui reconhecido Maçom: Felicidade de pertencer a tão fraterna e livre família!
A experiência de ser iniciado Maçom é de uma infindável miscelânea de sentidos e sentimentos, alguns introspectivos e de análise crítica do nosso “EU”, outros, humanistas e de cidadania, e ainda outros de mudança, de evolução e de sentimento de pertença que só irei esquecê-los quando partir…
Foi-me sugerido, na altura, que pensasse num “nome simbólico” com o intuito de proteger a minha identidade no mundo profano. Pareceu-me uma tarefa bem simples e fácil… contudo, após ter a percepção do simbolismo real, da emoção que aplicamos na sua feitura, da grandeza simbólica de um nome e do seu impacto na minha vida de Maçom… percebi afinal, que era uma empreitada exigente e difícil que merecia da minha parte um envolvimento e empenho que estivesse ao nível de tal desafio. Listei nomes, procurei na Internet, falei com vários Irmãos, e a verdade, é que não conseguia encontrar um nome… um nome que desse simbolismo… que representasse, aquilo que eu sentia ser importante interpretar! Um nome que falasse de mim, do meu “EU”, da linha de vida percorrida, das minhas lágrimas e sorrisos, deste chão que pisei ontem, que piso hoje e que pisarei amanhã! Um nome que condensasse em 5 ou 6 letras o meu mundo interior e envolvente! Para reduzir a abrangência da procura, decidi introduzir características nos nomes a procurar, pelo que decidi que o “meu” futuro nome, deveria cumulativamente ter as seguintes características:
• Simbolizar a FRATERNIDADE, valor (que para mim é) supremo e em que todos nos revemos.
• Teria de ter uma relação directa com o meu mundo, com a minha história, com as minhas memórias.
• Ser o nome de um homem por mim reconhecido como um homem, integro, justo, esclarecido, bondoso e lutador.
• Ter uma vida… uma existência em que ela própria fosse um símbolo… e ao mesmo tempo um exemplo.
• E por fim esse nome deveria tocar-me na minha essência…Trazê-lo no meu coração.
Esse homem, que partiu, que 33 anos antes, me viu nascer, da sua semente e do seu amor… só podia ser o meu Pai! Não era reconhecido Maçom… Não era iniciado… Não era Irmão… Mas hoje vejo e reconheço, que a sua vida no essencial, foi um exemplo que eu devo seguir como verdadeiro e hoje reconhecido Maçom. Quero por isso hoje aqui, exortar o seu nome e lembrar cada gota sangue que vendeu para suportar a pobreza que nos era imposta… Quero exortar a sua memória, para não esquecer as noites não dormidas a trabalhar 8, 12, e 14 horas, para que o pouco não fosse nada. Quero lembrar a sua voz de alento, que em coro com a minha mãe me transmitia, amor, confiança e segurança. Quero erguer no nosso templo, todos os dias o seu nome, quando por mim os meus irmãos me chamarem, de forma que esteja presente o seu carinho, rude mas sincero, envergonhado mas verdadeiro, distante mas atento, discreto mas presente. Quero lembrar-me das suas cavalitas… dos seus ensinamentos que me fizeram o homem que sou hoje!
O meu Pai, sempre me olhou com amor… mesmo zangado… os seus olhos não conseguiam deixar de me amar. Ahh…o meu Pai Fidel … sim o meu Pai, carteiro de profissão, dador de sangue profissional, homem do povo com lancheira, pobre, a trabalhar por turnos e horas extraordinárias infinitas que pouco dinheiro produziam… O meu Pai Fidel lutou, essencialmente por nós… O meu querido Pai… deixava de comer pelos 4 filhos! Tentava com a sua voz de Homem Grande que era, falar baixo para não nos acordar… afinal, ele gostava de nos ver dormir!O meu Pai era um Homem Bom… um homem com valores morais, com princípios, com ética, com carácter e personalidade que eu hoje, e em toda a minha vida quero lembrar e honrar.
Ainda o Amo e quero lembrá-lo mais vezes…Por isso escolhi o seu nome, Fidel Eduardo… Lembrem-no comigo… Ele merece!
Autor: Fidel Eduardo
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