D. Gualdim Paes nasceu em Amares em 1118, coincidindo o seu ano de nascimento com o da Ordem do Templo em Jerusalém. Filho de D. Paio Ramires e de segundo casamento com D. Gontrude Soares, terá passado boa parte da sua infância e juventude no mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
Por doação de D. Teresa, viúva do Conde Henrique e tutora do seu filho Afonso Henriques, fica a Ordem do Templo sediada desde 19 de Março de 1128 no castelo de Soure e respectivas dependências, dois meses apenas após a comparência do fundador da Ordem do Templo perante o Concílio de Troyes, cujo papel acabaria por ser decisivo para o seu reconhecimento e desenvolvimento. Rapidamente, outras doações vêm juntar-se a esta e não sendo necessariamente feitas por senhores poderosos, são no entanto em grande número. Assim, entre 1128 e 1130, 19 bens fundiários, incluindo vários domínios rurais, são atribuídos integral ou parcialmente ao Templo.
Cedo D. Gualdim terá sido chamado ao serviço do futuro Rei D. Afonso Henriques, combatendo a seu lado contra os mouros e sendo armado cavaleiro secular pelo soberano em 1139 no campo da batalha de Ourique. Terá sido também por esta altura, entre 1139 e 1148 que, terá ocorrido a sua admissão na Ordem do Templo, muito provavelmente também por indicação e apadrinhamento de D. Afonso Henriques. Terá ainda combatido ao lado de valorosos cavaleiros como Mem Ramires e Martim Moniz, evidenciando-se durante as tomadas de Santarém, em 1147, e de Lisboa, em 1149. Por essa altura terá sido elevado a Comendador (de Braga ou Amarante).
Da tradição popular consta que, quando D. Afonso Henriques se preparava para travar a batalha de Santarém, São Bernardo terá contado a Gualdim Paes uma revelação tida em sonhos e segundo a qual o rei sairia vitorioso do campo de batalha. Na sequência dessa revelação, o Rei terá prometido oferecer a S. Bernardo de Claraval terras e subsídios para a construção de uma grandiosa abadia.
Partindo para a Palestina, D. Gualdim aí terá permanecido durante cerca de cinco anos como Cavaleiro da Ordem do Templo, participando no cerco à cidade de Gaza em 1153, numa altura em que se estaria no final do Grão mestrado de Bernard de Tramelay e início do de André de Montbard, estando ainda presente na conquista de Áscalon em Agosto do mesmo ano e em várias incursões realizadas na Síria e Antioquia. Durante a sua permanência nesses territórios, terá tido certamente oportunidade de visitar os lugares sagrados de várias religiões. Seria por essa altura Mestre do Templo em Portugal, D. Hugo Martins.
Em Junho de 1145, D. Sancha, filha de D. Teresa, e o seu marido, doam ao Templo o Castelo de Longroiva, bem como as suas inúmeras dependências na região da metrópole de Braga. Nessa cidade e nesse mesmo ano, o arcebispo concede igualmente à Ordem uma casa, um hospital para os peregrinos e metade dos rendimentos eclesiásticos da cidade.
Ao regressar a Portugal, Gualdim Paes terá participado no cerco de Alcácer do Sal ao lado do seu Mestre D. Pedro Arnaldo, um dos fundadores da Ordem (sendo lícito supor que terá sido este a recomendar a ida de D. Gualdim para a Terra Santa). Sucede-lhe no mestrado, tornando-se assim o quarto Mestre em território português (seria por essa altura Grão-Mestre Bertrand de Blanchefort). Será importante referir que, apesar da bula de Alexandre III “Manifestis probatum” reconhecendo a independência do Reino e D. Afonso Henriques como seu Rei ter sido apenas emitida em 13 de Abril de 1179, já desde 1139 era considerada a existência de Portugal como Reino.
Inicia-se então um período de extraordinária expansão da Ordem, recebendo o Templo do Rei um importante domínio agrícola na confluência do Nabão com o Zêzere, onde é iniciada em 1160 a construção do castelo e do convento de Tomar, que se tornará a sede do Templo em Portugal, e mais tarde, da sua alegada sucessora, a Ordem de Cristo. Tomar recebe foral de vila em 1162. São ainda fundados os castelos de Almourol, Idanha, Ceras, Monsanto e o de Pombal. O foral de Pombal terá sido concedido em 1174. Uma década mais tarde e no âmbito de uma vasta doação de terras a sul do Tejo, o Rei insistirá em que os recursos da Ordem sejam utilizados apenas no reino para prosseguir com a reconquista.
Em 1190 cercado em Tomar pelas forças comandadas pelo califa Abu al-Mansur, D. Gualdim Paes consegue heroicamente defender o castelo contra um efectivo numericamente muito superior, detendo assim a invasão do norte do Reino.
D. Gualdim terá ainda vivido quase 10 anos após a morte do seu amigo, protector e confrade, D. Afonso Henriques, que pouco antes de partir doou à Ordem do Templo o terço de tudo o que por esta fosse conquistado e povoado a sul do Tejo.
D. Gualdim Paes faleceu em Tomar a 13 de Outubro de 1195, tendo sido sepultado, à semelhança dos outros Mestres portugueses do Templo, na Igreja de Santa Maria do Olival. No entanto, os seus restos mortais já não se encontrarão nesse local na sequência da profanação das sepulturas levada a cabo pelo inquisidor padre António de Lisboa, nomeado por D. João III o Pio, para a tarefa de reformar a Ordem de Cristo. Consta que a caça ao tesouro não terá terminado com Filipe IV em França. As sepulturas dos mestres foram destruídas, documentos foram queimados e a história adaptada à vontade reinante.
D. Lopo Fernandes sucede a D. Gualdim como Mestre da Ordem do Templo em Portugal. Através da bula “Regnans in coelis” de 12 de Agosto de 1308, o Papa Clemente V dá conhecimento aos monarcas cristãos do processo movido contra os Templários e através da bula “Callidi serpentis vigil” de Dezembro de 1310 decreta a prisão dos mesmos, dando início ao famoso e longo processo dos templários, ainda hoje considerado como um dos períodos mais negros da história medieval.
A influência de D. Gualdim Paes na acção dos templários nos confins da Península Ibérica, poderá ter estado ligado a objectivos menos conhecidos e intimamente ligados à génese do reino nascido naquele ponto mais ocidental do continente, onde o mundo conhecido terminava, encruzilhada de culturas, credos e raças, terra onde sob as estrelas Viriato erguera as suas preces a Endovélico. Afinal, Gualdim Paes terá sido armado cavaleiro em pleno campo de batalha por D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal e aquele que, de acordo com a tradição, se diz ter sido o primeiro Mestre dos Templários portugueses.
O que me levou a escolher Gualdim Paes como nome simbólico foi essencialmente o exemplo de coragem, perseverança e lealdade. Foi a capacidade de permanecer fiel aos seus ideais, compromissos, amigos e companheiros de armas, a firme vontade com que enfrentou todas as batalhas e a lucidez e determinação com que geriu a autoridade que lhe foi conferida. Todas estas características pessoais, bem como todo o conjunto de eventos que marcaram a sua vida, desde muito cedo conquistaram a minha mais profunda admiração.
Autor: Gauldim Paes
Cedo D. Gualdim terá sido chamado ao serviço do futuro Rei D. Afonso Henriques, combatendo a seu lado contra os mouros e sendo armado cavaleiro secular pelo soberano em 1139 no campo da batalha de Ourique. Terá sido também por esta altura, entre 1139 e 1148 que, terá ocorrido a sua admissão na Ordem do Templo, muito provavelmente também por indicação e apadrinhamento de D. Afonso Henriques. Terá ainda combatido ao lado de valorosos cavaleiros como Mem Ramires e Martim Moniz, evidenciando-se durante as tomadas de Santarém, em 1147, e de Lisboa, em 1149. Por essa altura terá sido elevado a Comendador (de Braga ou Amarante).
Da tradição popular consta que, quando D. Afonso Henriques se preparava para travar a batalha de Santarém, São Bernardo terá contado a Gualdim Paes uma revelação tida em sonhos e segundo a qual o rei sairia vitorioso do campo de batalha. Na sequência dessa revelação, o Rei terá prometido oferecer a S. Bernardo de Claraval terras e subsídios para a construção de uma grandiosa abadia.
Partindo para a Palestina, D. Gualdim aí terá permanecido durante cerca de cinco anos como Cavaleiro da Ordem do Templo, participando no cerco à cidade de Gaza em 1153, numa altura em que se estaria no final do Grão mestrado de Bernard de Tramelay e início do de André de Montbard, estando ainda presente na conquista de Áscalon em Agosto do mesmo ano e em várias incursões realizadas na Síria e Antioquia. Durante a sua permanência nesses territórios, terá tido certamente oportunidade de visitar os lugares sagrados de várias religiões. Seria por essa altura Mestre do Templo em Portugal, D. Hugo Martins.
Em Junho de 1145, D. Sancha, filha de D. Teresa, e o seu marido, doam ao Templo o Castelo de Longroiva, bem como as suas inúmeras dependências na região da metrópole de Braga. Nessa cidade e nesse mesmo ano, o arcebispo concede igualmente à Ordem uma casa, um hospital para os peregrinos e metade dos rendimentos eclesiásticos da cidade.
Ao regressar a Portugal, Gualdim Paes terá participado no cerco de Alcácer do Sal ao lado do seu Mestre D. Pedro Arnaldo, um dos fundadores da Ordem (sendo lícito supor que terá sido este a recomendar a ida de D. Gualdim para a Terra Santa). Sucede-lhe no mestrado, tornando-se assim o quarto Mestre em território português (seria por essa altura Grão-Mestre Bertrand de Blanchefort). Será importante referir que, apesar da bula de Alexandre III “Manifestis probatum” reconhecendo a independência do Reino e D. Afonso Henriques como seu Rei ter sido apenas emitida em 13 de Abril de 1179, já desde 1139 era considerada a existência de Portugal como Reino.
Inicia-se então um período de extraordinária expansão da Ordem, recebendo o Templo do Rei um importante domínio agrícola na confluência do Nabão com o Zêzere, onde é iniciada em 1160 a construção do castelo e do convento de Tomar, que se tornará a sede do Templo em Portugal, e mais tarde, da sua alegada sucessora, a Ordem de Cristo. Tomar recebe foral de vila em 1162. São ainda fundados os castelos de Almourol, Idanha, Ceras, Monsanto e o de Pombal. O foral de Pombal terá sido concedido em 1174. Uma década mais tarde e no âmbito de uma vasta doação de terras a sul do Tejo, o Rei insistirá em que os recursos da Ordem sejam utilizados apenas no reino para prosseguir com a reconquista.
Em 1190 cercado em Tomar pelas forças comandadas pelo califa Abu al-Mansur, D. Gualdim Paes consegue heroicamente defender o castelo contra um efectivo numericamente muito superior, detendo assim a invasão do norte do Reino.
D. Gualdim terá ainda vivido quase 10 anos após a morte do seu amigo, protector e confrade, D. Afonso Henriques, que pouco antes de partir doou à Ordem do Templo o terço de tudo o que por esta fosse conquistado e povoado a sul do Tejo.
D. Gualdim Paes faleceu em Tomar a 13 de Outubro de 1195, tendo sido sepultado, à semelhança dos outros Mestres portugueses do Templo, na Igreja de Santa Maria do Olival. No entanto, os seus restos mortais já não se encontrarão nesse local na sequência da profanação das sepulturas levada a cabo pelo inquisidor padre António de Lisboa, nomeado por D. João III o Pio, para a tarefa de reformar a Ordem de Cristo. Consta que a caça ao tesouro não terá terminado com Filipe IV em França. As sepulturas dos mestres foram destruídas, documentos foram queimados e a história adaptada à vontade reinante.
D. Lopo Fernandes sucede a D. Gualdim como Mestre da Ordem do Templo em Portugal. Através da bula “Regnans in coelis” de 12 de Agosto de 1308, o Papa Clemente V dá conhecimento aos monarcas cristãos do processo movido contra os Templários e através da bula “Callidi serpentis vigil” de Dezembro de 1310 decreta a prisão dos mesmos, dando início ao famoso e longo processo dos templários, ainda hoje considerado como um dos períodos mais negros da história medieval.
A influência de D. Gualdim Paes na acção dos templários nos confins da Península Ibérica, poderá ter estado ligado a objectivos menos conhecidos e intimamente ligados à génese do reino nascido naquele ponto mais ocidental do continente, onde o mundo conhecido terminava, encruzilhada de culturas, credos e raças, terra onde sob as estrelas Viriato erguera as suas preces a Endovélico. Afinal, Gualdim Paes terá sido armado cavaleiro em pleno campo de batalha por D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal e aquele que, de acordo com a tradição, se diz ter sido o primeiro Mestre dos Templários portugueses.
O que me levou a escolher Gualdim Paes como nome simbólico foi essencialmente o exemplo de coragem, perseverança e lealdade. Foi a capacidade de permanecer fiel aos seus ideais, compromissos, amigos e companheiros de armas, a firme vontade com que enfrentou todas as batalhas e a lucidez e determinação com que geriu a autoridade que lhe foi conferida. Todas estas características pessoais, bem como todo o conjunto de eventos que marcaram a sua vida, desde muito cedo conquistaram a minha mais profunda admiração.
Autor: Gauldim Paes
1 comentário:
É grandiosa a história de Gualdim Paes bem como da Ordem do Templo e da sua sucessora em Portugal: A Ordem de Cristo.
Local carregado de mistica e de simbolismo é o Convento de Cristo e o Castelo Templário em Tomar, locais esses nos quais passei 14 anos da minha vida
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