Na explicação da escolha do meu nome simbólico Armindo Matias importa explicar que representa meu Avô paterno João Armindo Matias Pedroso. Seria mais fácil escolher um nome mais conhecido ou com ligações maçónicas, mas certamente não seria melhor nem mais sentido. As leituras que já efectuei sobre a nossa Augusta Ordem construíram em mim um significado de comportamento Maçon que me remete para essa minha referência masculina, que nunca teve que a família conheça, qualquer relação directa com a Maçonaria mas que todos os dia a praticava por via dos seus actos.
Meu Avô chegou ao nosso mundo em 01-10-1924 em Carnaxide e partiu em 03 de Julho de 2013. Filho de João Luís Antunes Pedroso, encarregado de construção civil, ex-sargento do exercito (expulso no seguimento de uma tentativa de golpe militar) e de Gertrudes da Conceição Matias Pedroso, queijeira, filha de agricultores que ainda conservavam ancestrais tradições judaicas. Efectuou a sua instrução primária em Carnaxide, no entanto como era usual nessa época, por falta de recursos familiares iniciou a sua vida profissional aos 12 anos, como aprendiz de serralheiro tendo posteriormente ingressado na Construtora Moderna em Pedrouços (1938/1943). Retenho 2 referências sobre esta passagem, ter sido preso com 14 anos na sequência de uma greve nos anos 30 e a participação na construção do gradeamento na linha férrea da CP de Cascais (que terá durado pelo menos até este século e me acompanhou nos percursos de comboio para a Universidade). Segue-se a entrada como soldador na CELCAT, onde permanece até à reforma em 1984 como encarregado.
Nos anos 60 recebe a medalha de mérito industrial pelos serviços prestados enquanto operário, tendo estado prestes a recusar receber a mesma por um dos Administradores da Companhia ter comentado “Dá-se qualquer coisa a um operário ficam logo todos felizes.”, estando Américo Tomáz já na Fábrica, acaba por aceitar a medalha com orgulho por ser operário, orgulho que manteve até à sua partida.
Nos anos 60 recebe a medalha de mérito industrial pelos serviços prestados enquanto operário, tendo estado prestes a recusar receber a mesma por um dos Administradores da Companhia ter comentado “Dá-se qualquer coisa a um operário ficam logo todos felizes.”, estando Américo Tomáz já na Fábrica, acaba por aceitar a medalha com orgulho por ser operário, orgulho que manteve até à sua partida.
Paralelamente cria em conjunto com o cunhado (irmão de minha avó, torneiro na Fábrica da Pólvora de Barcarena) a primeira fabriqueta de tampas de alumínio para frascos de penicilina (motivo pelo qual a sua grande referência científica era Sir Alexander Fleming). Esta surge por convite de um antigo colega da CELCAT e amigo de Carnaxide, que tinha iniciado a produção dos selantes de borracha para as referidas tampas. Esta actividade permitiu pagar o empréstimo que tinha na CGD para construção da casa familiar em Barcarena e proporcionar a meu Pai a frequência do ensino superior.
Efectuou serviço militar no regimento de Engenharia 1 na Pontinha, como Guarda Fios tendo sido destacado para os Açores no período final da segunda Grande Guerra, nunca chegando a ir atendendo ao final da mesma, no entanto, ficou retido até às cerimónias de homenagem aos soldados Brasileiros mortos em Itália.
Efectuou serviço militar no regimento de Engenharia 1 na Pontinha, como Guarda Fios tendo sido destacado para os Açores no período final da segunda Grande Guerra, nunca chegando a ir atendendo ao final da mesma, no entanto, ficou retido até às cerimónias de homenagem aos soldados Brasileiros mortos em Itália.
Apolítico nas suas conversas e amizades tem, no entanto, como presença constante em casa a Rádio Voz da Liberdade em Argel tendo tido perante a família apenas duas posições que marcadamente o demarcavam do regime vigente à data. A primeira aquando de concurso para Chefe de Quina na Mocidade Portuguesa, onde terá indicado claramente a meu Pai “Não te metas no que não entendes” e a segunda ter tido participação activa na distribuição porta a porta dos boletins de voto do General Humberto Delgado (em 1958 os boletins de voto eram levados de casa).
Calado, mas sociável era um grande construtor de “pontes humanas” por ser alvo de grande respeito pelas pessoas que com ele privaram e o demonstraram na sua partida, desde um dos antigos Administradores da CELCAT até a um antigo colega de trabalho que ajudou financeiramente a refazer a vida na Suécia. Sempre seguiu a sua vida como quis, cumprindo os seus valores, algo tão simples para ele não existia alternativa a ser Fiel, Honrado, Perfeccionista, Honesto, Trabalhador, Amigo, Confiável, Ético e Abnegado nas suas relações. A imagem de confiança e idoneidade dos seus actos transparecia para além dos seus amigos e família, de tal forma que num episódio da sua vida ainda no Antigo Regime, um operário que era o encarregado de distribuir O Avante foi atropelado no caminho para o trabalho transportando diversos exemplares que não se tinha conseguido desfazer. Antes de ser levado para o Hospital, aos gritos não permitiu ser assistido até que lhe trouxessem o João Soldador, que quando chegou ficou admirado por o primeiro lhe ter passado os exemplares do jornal. Esse operário tinha mais confiança de não ser denunciado por meu Avô que pelos seus Camaradas de Célula.
Calado, mas sociável era um grande construtor de “pontes humanas” por ser alvo de grande respeito pelas pessoas que com ele privaram e o demonstraram na sua partida, desde um dos antigos Administradores da CELCAT até a um antigo colega de trabalho que ajudou financeiramente a refazer a vida na Suécia. Sempre seguiu a sua vida como quis, cumprindo os seus valores, algo tão simples para ele não existia alternativa a ser Fiel, Honrado, Perfeccionista, Honesto, Trabalhador, Amigo, Confiável, Ético e Abnegado nas suas relações. A imagem de confiança e idoneidade dos seus actos transparecia para além dos seus amigos e família, de tal forma que num episódio da sua vida ainda no Antigo Regime, um operário que era o encarregado de distribuir O Avante foi atropelado no caminho para o trabalho transportando diversos exemplares que não se tinha conseguido desfazer. Antes de ser levado para o Hospital, aos gritos não permitiu ser assistido até que lhe trouxessem o João Soldador, que quando chegou ficou admirado por o primeiro lhe ter passado os exemplares do jornal. Esse operário tinha mais confiança de não ser denunciado por meu Avô que pelos seus Camaradas de Célula.
Nunca se preocupou em ter mais ou menos posses que alguém, mesmo nas fases menos desafogadas onde chegou a praticar a sua actividade lúdica predilecta (a Caça) sem chumbo nos cartuchos uma vez que o mais importante era o convívio fraterno com os seus amigos. Lembro-me que praticava rendas mais baixas que o usual em 3 imóveis que tinha por não achar aceitável pedir rendas altas a quem tem salários baixos e fazer questão que essas casas estavam em excelentes condições e escolhendo nos arranjos os materiais com os inquilinos, pois considera que a Casa de Família o bem material mais importante que detemos. Trabalhou até ao corpo o aprisionar, sempre com grande orgulho no seu trabalho. Relembro um dos cataventos que fez que teve uma fotografia numa revista da TAP e quando num acaso lhe disseram, limitou-se a sorrir orgulhoso.
Nunca soube falar outra língua que não o Português, no entanto, serão poucos os países da Europa que não conheceu a bordo de um automóvel com a minha Avó e meu Pai (único luxo que lhe conheci), tendo curiosamente mantido até ao final dos seus dias no seu circulo de amigos mais íntimos um casal de Franceses que não falavam português e tendo a capacidade de passar serões inteiros em França ou em Portugal a interpretar as mensagens que cada um queria passar a outro.
Escolhi Armindo Matias, pois meu Avô foi até hoje a melhor pessoa com que privei, calado mas capaz fazer qualquer coisa pelas pessoas que amava sem se queixar. Por ter percorrido, dias e dias, a pé a distância entre Carnaxide e Barcarena para namorar a minha avó à janela, por ter trabalhado 18h diárias para meu Pai ter os estudos assegurados, por me ter acompanhado e ao meu irmão em todas as actividades em que podia, por deixar a sua actividade preferida porque o neto mais novo chorava quando via animais mortos, por sair da sua casa para que os netos fossem viver para mais perto dele, pelo grande Homem que é meu Pai baseado nos seus valores e pela marca que deixou em mim e no meu irmão. É dele (directamente ou através de meu Pai) que me foram passados alguns dos valores mais simples como o Trabalho, a Liberdade, a Igualdade, o não gastar mais do que se ganha, o profissionalismo e acima de tudo a Ética, valores de que nunca se desviou, não para que alguém o elogiasse, mas apenas porque era o certo (meu Pai recorda-se de ser conhecido pelo caçador que nunca matou uma perdiz no chão ou um coelho na camada). Nunca ouvi meu Avô dizer que tinha feito algo de determinado valor para se enaltecer, fazia e pronto.
De tudo o que fez, o que mais o orgulhou foi o Homem que o meu Pai se tornou e os dois Netos. Por tudo isto, por muito mais, por ainda sentir as suas mãos ásperas e o dedo que lhe faltava, perdido no trabalho, seus olhos cinzentos, doces e bons. E claro o seu sorriso, sempre verdadeiro, que me faz e fará falta todos os dias da minha vida desde que partiu em 03 de Julho de 2013. A sua lembrança ajuda-me a querer sempre melhorar e a escolha de Armindo Matias como nome simbólico reforça essa minha vontade.
Posso considerar que esteve já entre nós na cerimónia de iniciação, primeiramente por ter vincado com o seu cunho pessoal a primeira e segunda viagens, a minha infância e juventude, com os seus ensinamentos e estando presente pela sua marca também na terceira etapa, a idade madura em que apesar de estar ausente me deixou ferramentas para me aperfeiçoar. Foi com ele, que pela primeira vez utilizei um escopro para trabalhar. Na minha iniciação foram marcantes as diferentes etapas, com destaque para o momento em que os maçons me orientaram para pela primeira vez utilizar o maço e iniciar o trabalho da Pedra Bruta. Nesse momento sente-se uma espécie de início dos trabalhos que não cessarão.
Posso considerar que esteve já entre nós na cerimónia de iniciação, primeiramente por ter vincado com o seu cunho pessoal a primeira e segunda viagens, a minha infância e juventude, com os seus ensinamentos e estando presente pela sua marca também na terceira etapa, a idade madura em que apesar de estar ausente me deixou ferramentas para me aperfeiçoar. Foi com ele, que pela primeira vez utilizei um escopro para trabalhar. Na minha iniciação foram marcantes as diferentes etapas, com destaque para o momento em que os maçons me orientaram para pela primeira vez utilizar o maço e iniciar o trabalho da Pedra Bruta. Nesse momento sente-se uma espécie de início dos trabalhos que não cessarão.
Será com orgulho, que entre as colunas, na loja fraterna, cumprirei sempre os meus deveres de aprendizagem para um constante aperfeiçoamento e progressão intelectual e moral, fraternalmente com o apoio da loja, respondendo sempre com orgulho pelo nome de Armindo Matias e contribuindo com espírito de partilha sempre que surja oportunidade para o aperfeiçoamento dos maçons.
Autor: Armindo Matias
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