quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Um Especulação sobre a Origem da Maçonaria Especulativa

Esta pequena prancha não teve nenhuma pequisa bibliográfica específica para a sua realização, resultando apenas na destilação das minhas reflexões sobre o assunto e das leituras que fiz sobre o mesmo e assunto adjacentes. Pretendento apenas levantar a questão e ouvir as opiniões dos meus Irmãos, visto que penso que a verdade histórica nunca será conhecida ou comprovada documentalmente.

Quando se entra na Nossa Augusta Ordem, um tema de conversa recorrente é sobre a Grande Loja de Inglaterra, como a primeira instituição maçónica organizada aquando da sua fundação no Verão de 1717, e a sua importânciano desenvolvimento e expansão da Maçonaria. Esta Maçonaria já é especulativa, integrando membros de todas as classes e profissões. Dentro deste contexto, a pergunta que sempre me perturbou foi porque razão se dá em Inglaterra a transição da Maçonaria Operativa para a Especulativa, quando este país até não tinha, quando comparado com outros, grande tradição de pedreiros livres, os construtores das catedrais europeias, que faziam parte da Maçonaria Operativa.

Parece que seria mais lógico que tal desenvolvimento tivesse acontecido na Europa Ocidental, nomeadamente Peninsula Ibérica, França, Península Itálica e Sacro Império Romano, com mais tradições nesse domínio.

Na minha opinião, temos de recuar algumas décadas até 1660 para perceber o que poderá ter acontecido. É nesta altura que se dá a Restauração da Monarquia dos Stuart, família real inglesa de origem escocesa, com o regresso de Carlos II, após dez anos de exílio no seguimento da Guerra Civil Inglesa, da execução de rei Calos I e da experiência “republicana” do Protectorado do puritano Oliver Cromwell.

Esta época, considerada por alguns como um era dourada, é caracterizada por uma renovação e libertação da sociedade inglesa com grande dinamismo no desenvolvimento das artes e ciências. Em 28 de Novembro de 1660 é fundada a Royal Society, a primeira academia de ciências do mundo, por filósofos naturais, como eram chamados os cientistas da altura. Nas lendas da sua fundação é mencionado como inspiração o colégio invisível, termo que aparece em diversos pamfletosrosicrucianos do início do século XVII, que por sua vez parece retirar ideias da Casa de Salomão, descrita na obra Nova Atlântida do famoso filósofo Francis Bancon, um dos fundadores Empiricismo e do Método Científico moderno. Ainda hoje, é uma instituição muito respeitada, e contou entre os seus membros Robert Boyle, Robert Hooke, Isaac Newton, Christopher Wren, Kelvin, Faraday, Maxwell, JJ Thomson, Stephen Hawking e bastantes laureados com o Prémio Nobel.

Um segundo acontecimento relevante foi o Grande Incêndio de Londres ocorrido entre 2 e 6 de Setembro 1666, que se estima que tenha destruído as habitações de mais de 85% da população da cidade, incluindo também a velha catedral de S. Paulo. Esta grande devastação levou certamente que um grande número de pedreiros livres tivesse sido contratado para efectuar a reconstrução da cidade.

A junção temporal destes dois eventos leva-me a concluir, que terá havido, no tempo e nos espaço, uma grande concentração de pedreiros livres e a nova vaga de filósofos naturais que fundaram a Royal Society, e que certamente terá havido contactos entre eles.

A minha especulação começa aqui. Este grupo de filósofos naturais, alguns precussores do Iluminismo do século XVIII, contaram entre os seus membros figuras ilustres que a História consagrou, e numa quantidade invulgar para o mesmo intervalo temporal. Penso que eles terão ficado fascinados com o método simbólico que a Maçonaria usava para a transmissão de conhecimentos e valores. Não nos esqueçamos que, por exemplo, Isaac Newton foi um estudante entusiástico dos mistérios da Alquimia.

É assim natural que os valores maçónicos da Igualdade, Liberdade, Fraternidade, Rectidão e Justiça, e os seus respectivos símbolos seriam muito apelativos a esta geração de homens esclarecidos. E sendo eles homens de ciência, todo o conhecimento antigo de geometria e engenharia que os pedreiros livres possuiam, também deve ter contribuído para esse fascínio.

O respeito e admiração entre os dois grupos deve ter sido mútuo, pelo que devem ter começado a ter reuniões conjuntas, chegando ao ponto dos maçons operativos terem aceite membros fora da sua profissão nas suas Lojas, onde as discussões filosóficas devem ter sido fascinantes. O proxímo passo terá sido certamente, a criação de Lojas Maçónicas puramente especulativas. Tendo Isaac Newton sido presidente da Royal Society entre 1703 e 1727, precisamente na altura se forma a Grande Loja

de Inglaterra, a minha especulção é que ele terá sido uma das figuras mais impulsionou a criação da Maçonaria Especulativa, utilizando o Método Simbólico de transmissão de conhecimentos da Maçonaria Operativa. Apesar de haver provas documentais de que Newton era um adepto da Alquimia e dos Mistérios Antigos Iniciáticos, não existem provas que ele tivesse sido iniciado ou pertencido a alguma Loja Maçónica.No entanto a minha especulação mantém-se: terá sido Newton, juntamente com outros comtemporâneos da Royal Society, incluindo o arquitecto da nova Catedral de S. Paulo, Christopher Wren, os criadores da Maçonaria Especulativa, e na Inglaterra? E terá Newton criado o cálculo diferencial e integral, a teoria clássica da mecânica e da gravidade, tão importantes no desenvolvimento tecnológico da sociedade actual, com base em conhecimentos mais antigos transmitidos pelos pedreiros livres, guardões da altura da Sabedoria Antiga? Ficam as especulações


Autor: Imhotep

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