Com dificuldades, conseguiram que o filho frequentasse o Colégio das Artes em Coimbra e mais tarde, em 1800, a Faculdade de Direito da Universidade, onde se formou em 1805.
Em 1810 foi colocado como Juiz de Fora em Recardães e em 1814 nomeado Juiz dos Orfãos na cidade do Porto.
Foi nessa altura que se iniciou na política em que tanto se notibilizou.
Descontente com a ingerência inglesa na vida política do país, em 1818, juntamente com Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges e João Ferreira Viana, fundaram a Associação Revolucionária, denominada O SINÉDRIO, de grande impotância para o triunfo da Revolução Liberal de 1820.
Saindo vitoriosa a revolta, Silva Carvalho, foi eleito membro da Junta Provincial preparatória para as Cortes.
Mais tarde fez parte da Regência do Reino até ao regresso de D. João VI do Brasil, onde se tinha refugiado aquando da primeira "invasão francesa".
Após a chegada do Rei a Lisboa, 3 de Julho de 1821, foi-lhe confiado a pasta da Justiça. Nesse mesmo ano, era obreiro da Loja 15 de Outubro, ao Vale de Lisboa, o qual tinha o nome simbólico de Hydaspe, da qual foi Venerável e de 1823 a 1839, ocupa o cargo de 8º. Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano.
Ainda no ano de 1823, deu-se a revolta absolutista e Silva Carvalho foi perseguido e forçado a emigrar para Inglaterra, a fim de salvar a vida.
Em 1826 aclamado rei D. Pedro IV, outorgou a Carta Constitucional, a que se seguiu uma amnistia e assim Silva Carvalho regressou a Portugal, contudo, desiludido com o governo, retirou-se da vida política e foi viver para a aldeia que o viu nascer.
Em 1828 foi novamente alvo de perseguissões por parte dos absolutistas com a chegada de D. Miguel a Portugal, conseguir fugir com a ajuda dos seus conterrânios, disfarçado de criado, rumando a Lisboa e dali novamente para Inglaterra. Este é um dos episódios que o povo da aldeia ainda conta, por ter sido transmitido de pais para filhos até aos dias de hoje.
Em 1832 estando no exílio foi nomeado Auditor Geral do Exército Libertador e no mesmo ano, foi nomeado por do Pedro IV ministro da Fazenda, em substituição de Mouzinho da Silveira e poucos meses depois ministro da Justiça e regressa a Portugal.
Em 24 de Setembro de 1834 morre D. Pedro IV e Silva Carvalho, pela terceira vez teve de fugir do país. Regressa em 1838, jura a Constituição, contudo encontra algum descontentamento no país, no entanto continua a sua carreira de legislador e de magistrado.
De 1840 a 1856 ocupa os cargos de 1º. Grão Mestre do Grande Oriente do Rito Escocês e de 1º. Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do grau 33º. afecto ao Grande Oriente do Rito Escocês. Foi igualmente o primeiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Recusou por várias vezes títulos de nobreza que o rei D. Pedro IV o quis homenagear, dizendo sempre que os títulos não lhe cobriam a sua origem plebeia, bem como de um filho orgulhoso de humildes trabalhadores rurais e ao mesmo tempo queria que “o seu nome chegasse puro á posteridade como o recebera de seus pais”.
José da Silva Carvalho, faleceu em Lisboa no dia 5 de Setembro de 1856 e foi sepultado num túmulo sem pompa nem epitáfio, no Cemitério dos Prazeres, no talhão das figuras ilustres de Portugal.
Esta pequena prancha biográfica, tem como finalidade não só lembrar aos mais jovens quem foi Silva Carvalho, mas também não deixar cair no esquecimento este nosso Ir.’., que embora tenha partido para o Oriente Eterno há 158 anos, nos possa servir de inspiração pelo seu exemplo de humildade, honradez, de justiça, tolerância, serviço do bem comum sem nada esperar ou pedir em troca e o seu amor á liberdade que tanto prezava, valores estes, que um “homem livre e de bons costumes” se deve pautar.
Autor: Fernando Valle
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