Foi no decurso da cerimónia de aumento de salário que tomei consciência de que muito pouco ou quase nada sabia sobre a Alavanca, importante símbolo da Maçonaria. Senti então vontade, ou melhor, necessidade de conhecer exaustivamente o significado e tudo o mais que a ele se refere. É, pois, este o resultado do meu trabalho de pesquisa na procura do conhecimento do muito que diz respeito a este símbolo.
Para a primeira viagem são-lhe entregues o maço e o cinzel, para a segunda o esquadro e o compasso, para a terceira a alavanca e a régua, para a quarta o nível e finalmente para a quinta viagem recebe a trolha.
Agora no 2º grau maçónico, o Companheiro (etimologicamente é aquele que faz parte de um grupo que reparte entre si o mesmo pão) passou da perpendicular ao nível, conhecendo o esquadro o nível e o prumo. A pedra que era bruta passa nesta fase a ser polida, pois o Aprendiz amadureceu evoluindo para um estado no qual se apresenta pronto a examinar os aspetos mais profundos do seu processo psicológico e da sua própria consciência.
Em Física, a alavanca é uma máquina simples constituída por um objeto rígido que, utilizando um ponto fixo de apoio (fulcro), consegue multiplicar a força mecânica que é aplicada (força potente) a um outro objeto (resistência / força resistente). Esta forma de aumento de força constitui o conceito de ”vantagem mecânica”.
Dependendo da relação espacial destes três pontos (fulcro, força aplicada e resistência), assim se classificam os tipos de alavancas: interfixas, interpotentes e inter-resistentes. Quando o ponto de apoio (fulcro) está entre a força aplicada e a força resistente, a alavanca é interfixa (exemplo: tesoura). Se a força resistente estiver entre o ponto de apoio e a força aplicada, a alavanca é inter-resistente (exemplo: quebra nozes). Caso a força aplicada esteja entre o ponto de apoio e a força resistente, então a alavanca é interpotente (exemplo: pinça).
O ponto de apoio deve ser tão ou mais resistente que a própria alavanca para que não comprometa o processo por ineficácia. Da mesma forma é de fundamental importância a Força Potente, força esta que é exercida em determinado ponto da alavanca para que a Força Resistente seja vencida.
“Deem-me um ponto de apoio e moverei a Terra”, terá sido dito por Arquimedes no século III a.C. ao compreender a Lei da Alavanca. Trata-se duma manifestação filosófica que salienta a enorme importância e valor do "ponto de apoio".
A palavra Alavanca (do latim levare) refere-se ao início da ação de levantar alguma coisa. Tem como princípio básico a possibilidade de poder mover grandes cargas pela aplicação de pequenas forças utilizando sempre um ponto de apoio.
Se na primeira e na segunda viagens o Maçon desbastou a pedra bruta, criando a partir desta, peças mais perfeitas e passíveis de se adaptarem, é na terceira viagem, com a ação da Régua e da Alavanca (instrumento de colocação a par da trolha) que as pedras já se podem unir, começando assim verdadeiramente a edificação do Templo.
A Alavanca pode representar o desenvolvimento da nossa inteligência e consequente compreensão para regular e dominar a inércia da matéria, levantando-a e movendo-a em direção ao lugar que lhe está destinado na construção do nosso Templo Individual.
Metaforicamente a Alavanca representa a energia criadora do Homem, a força do trabalho e da vontade, que através da sapiência é posta ao serviço de toda a humanidade. Simboliza o controlo e o domínio da força em ação, movimento que permite vencer os obstáculos, a resistência moral ou material, assim como ultrapassar medos e fraquezas, sempre na condição de ser capaz de encontrar o seu ponto de apoio.
Na Maçonaria cada irmão constitui um “ponto de apoio”, e todos unidos representam a Alavanca e a sua força. Há pois, que aprender a usar esse enorme poder que a Maçonaria proporciona.
Tendo sempre presente o significado metafórico da Alavanca, os maçons deverão ser resolutos, decididos e persistentes no seu esforço permanente visando ultrapassar os desafios que surgem constantemente, perante os quais é imprescindível exercer a flexibilidade na prática contínua da Tolerância.
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